São três novas soluções de proteção contra o fogo – e todas elas foram desenvolvidas pela Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) e pelo Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) durante o projeto Fire Protect. Uma das soluções tem por objetivo proteger veículos; outra pode ser usada como uma cerca de jardim; e por fim há uma terceira que promete reforçar a resistência dos edifícios às chamas. O projeto, que foi financiado em 700 mil euros pelo programa Mais Centro, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), já abriu caminho ao pedido de registo de quatro patentes. Os investigadores envolvidos querem também desenvolver proteções para redes de telecomunicações e energia.
Para a proteção de veículos, foi desenvolvida uma tela resistente que com propriedades de refletoras. A solução foi desenhada para aplicação em autotanques usados por bombeiros. Segundo comunicado da Universidade de Coimbra, os primeiros protótipos de telas já passaram os primeiros testes realizados em ambientes controlados. «São sistemas resistentes ao fogo e podem garantir condições de sobrevivência a pessoas que estejam dentro de uma viatura», informa Domingos Xavier Viegas, investigador da Universidade de Coimbra e uma das principais referências nacionais no estudo de incêndios, citado pelo comunicado.
Ensaios realizados com a cerca equipada com aspersores de água
Os investigadores que participaram no Fire Protect estão ainda a testar diferentes formatos para uma nova geração de cercas que está equipada com um sistema de bombagem que permite aspergir à agua nas imediações sempre que é detetado um foco de incêndio. Esta cerca 2.0 está apta a combater o fogo tendo como principais fontes de energia a rede elétrica ou combustíveis fósseis, mas também deverá ser capaz de operar quando há quebras no fornecimento de energia.
«Com recurso a uma pequena quantidade de água, o sistema molha a vegetação de forma eficaz e consegue proteger um perímetro de algumas centenas de metros. Verificámos que quando as chamas chegam junto dessa zona humedecida baixam a sua intensidade», garante Xavier Viegas.
Para os edifícios, o projeto Fire Protect desenhou um sistema de aspersão que humedece telhado e paredes, a fim de criar uma proteção suplementar e reduzir os efeitos causados pela exposição às chamas.
Ensaio com protótipo de aspersor que protege telhado e paredes de edifícios
Os mentores do Fire Protect lembram que as soluções podem tirar partido da automação e da inclusão de sensores. No caso da cerca e do sistema de proteção para edifícios, essa automação terá a vantagem de poder operar em jardins ou casas quando os moradores ou proprietários não se encontram no local.
Estas são apenas as três primeiras soluções desenvolvidas no Fire Protect. O comunicado da Universidade de Coimbra recorda que os investigadores da ADAI e do ISR-C também estão a estudar novas proteções para infraestruturas críticas de redes de telecomunicações e de distribuição de energia.
Uma operadora de redes de telemóveis já demonstrou interesse em conhecer melhor a solução que está a ser desenvolvida nos laboratórios da Universidade de Coimbra: «Foi-nos pedido para encontrar um sistema de proteção das antenas que estão espalhadas pela floresta, para evitar a destruição do equipamento de rádio que faz a transmissão de sinal. Nos incêndios de 2017 centenas destes dispositivos foram destruídos pelas chamas», conclui Xavier Viegas.