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Em 1971, David Bowie ainda conseguia espantar o mundo com o cabelo pintado de laranja, cara carregada de maquilhagem e enfarpelado como um gentleman estelar no videoclip de Life on Mars?. Hoje, se David Bowie quisesse dar nova vida a Ziggy Stardust teria de escrever um novo tema. Marte já era – e há mesmo uma nada desprezável probabilidade de na próxima década haver vida em Marte, com o envio dos primeiros humanos para o planeta vizinho. Mas a questão não é só essa. A humanidade está maior: já chega a Plutão, um dos mais longínquos dos corpos celestes do sistema solar, a 4,8 mil milhões de quilómetros de distância.
Há vida ou não em Plutão? Tudo depende da imaginação de quem a procura. No Centro de Controlo da sonda New Horizons, na Universidade de John Hopkins, EUA, as primeiras imagens de alta resolução (cada pixel “contém” 27 quilómetros) já abriram as primeiras bocas de espanto: aparentemente, as imagens obtidas a 5,4 milhões de quilómetros de distância não permitem vislumbrar crateras na superfície de Plutão (o mesmo se passa com o satélite Caronte). O que permite concluir que a superfície do planeta anão é bastante mais recente que os 4,65 mil milhões de anos do sistema solar.
A primeira estimativa dos investigadores norte-americanos apontam para uns 100 milhões de anos de idade no que toca à superfície do mais distante dos corpos celestes visitados pela NASA dentro do sistema solar. Há mesmo a possibilidade de o planeta estar geologicamente ativo, revelam os comunicados da agência espacial. Os investigadores baseiam esta primeira conclusão na descoberta de montanhas geladas com mais de 3500 metros, que não poderiam ter sido geradas pelas interações (e consequentes efeitos gravitacionais) com corpos celestes de maior dimensão.
A composição de Plutão
Muitas outras “descobertas” chegarão à Terra à medida que os pacotes de dados enviados pela New Horizons atravessam o Espaço. A análise espetral realizada com um instrumento conhecido por Ralph, que emite infravermelhos em três comprimentos de onda, já permitiu ter uma primeira ideia baseada em três cores, que poderão ser indicadoras da presença de determinadas substâncias: o vermelho é correspondente a uma elevada absorção da luz pelo metano gelado; o verde representa as áreas em que o metano gelado que cobre Plutão não absorve a luz; e por fim, o azul corresponde às áreas em que a absorção da luz alcança níveis médios-elevados. Consoante os diferentes graus de absorção da luz, os investigadores da NASA constataram que, no polo norte do planeta-anão (tem 9,5% do volume da Terra), o metano gelado se encontra diluído em nitrogénio gelado e que no equador essa diluição poderá ser menor.
A New Horizons vale pelos seus sensores. São estes equipamentos que ajudam esta sonda de mais de 470 quilos a cumprir a missão de batedor espacial: um emissor de infravermelhos, um espetrómetro de imagens ultravioletas, um medidor da composição da atmosfera, uma câmara telescópica, um sistema de monitorização das interações de Plutão com os ventos solares, um sistema de medição da composição do plasma emitido pelo planeta-anão, e ainda um equipamento controlado por estudantes que analisa o pó espacial recolhido pela sonda durante a viagem.
Toda a informação recolhida pelos diferentes sensores é enviada para a Terra a velocidades de dois Kilobits por segundo. Resultado: um simples sinal de pode demorar quatro horas a fazer a travessia entre a New Horizons e o nosso planeta.
Cientes da morosidade das comunicações, os investigadores da NASA mantêm a expectativa quanto à informação que chegará à Terra durante os próximos 18 meses. Algures nesse período, é possível que a New Horizons já tenha concluído mais uma missão com a chegada à Cintura de Kuiter e que Plutão já tenha deixado de figurar nos títulos do jornal. Aconteceu o mesmo com David Bowie, quando lançou Life On Mars? há mais de 40 anos.