
Investigadores da Universidade do Porto vão testar com vários polícias uma aplicação para smartphones que recolhe dados ao longo do dia com o objetivo de apurar os níveis de poluição e stress de uma pessoa ou da população inteira de uma cidade.
A app, que dá pelo nome de SenseMyCity, deverá ser instalada em telemóveis com sensores que permitem obter dados reveladores das rotinas diárias de um habitante de uma grande cidade como o Porto. Através da informação recolhida pelo telemóvel, a app fica em condições de estimar o consumo de combustível por viagem, a identificação de zonas com trânsito mais lento, locais ou situações que aumentam os níveis de stress dos condutores, entre outros índices, refere um comunicado da Universidade do Porto.
Ana Aguiar, investigadora que está a liderar o projeto, informa, num e-mail enviado para a Exame Informática, que a aplicação vai «usar sensores internos dos telemóveis» juntamente com «sensores de onda cardíaca usáveis» de batimentos cardíacos ou de On-Board Diagnostics (OBD), consoante as análises que se pretenda fazer. A empresa portuguesa BioDevices deverá fornecer alguns destes sensores.
Uma vez compilados, todos os dados recolhidos pela app são processados e apresentados numa página web que pode ser consultada pelo próprio utilizador. A esta vertente de análise, junta-se uma outra: recolhendo os dados de todos os utilizadores que participam na iniciativa, torna-se possível fazer estimativas quanto ao trânsito, topografia local, consumo de combustível e níveis de stress da população de uma dada localidade.
Segundo os responsáveis pelo projeto, a SenseMyCity pode revelar-se útil para o estudo do meio ambiente e também da engenharia ou da psicologia. O comunicado da Universidade nortenha refere ainda que esta app, quando complementada com questionários e dados de sensores vitais, pode revelar-se útil para a caracterização das rotinas diárias de classes profissionais como «bombeiros, motoristas de autocarro ou polícias».
A nova app foi desenvolvida por investigadores do Centro de Competências para as Cidades do Futuro da Universidade do Porto no âmbito do projeto Future Cities. Com o Future Cities, os investigadores pretendem fazer da cidade do Porto um “laboratório vivo” com a instalação de vários mecanismos e sensores que permitem obter dados úteis da e população e dos equipamentos urbanos ao longo do dia.
Devido aos custos dos dispositivos e por questões técnicas, os investigadores optaram por desenvolver esta primeira versão em Android. Os investigadores da Centro de Competências para as Cidades do Futuro da Universidade do Porto admitem vir a trabalhar num modelo de licenciamento mais alargado que permita chegar à população em geral.