A American Astronomical Society considera que o entendimento científico do Universo está ameaçado pela proliferação de atividades espaciais, como o surgimento de constelações de satélites, pelos resíduos espaciais e pelas interferências nos sinais de rádio e eletromagnéticas. Outra ameaça que pode vir literalmente a pairar é o surgimento de gigantescos painéis publicitários e a organização pede que haja um consenso internacional que determine a sua proibição: “A posição da American Astronomical Society (AAS) é de que a publicidade espacial intrusiva deve ser proibida por convenções internacionais apropriadas ou tratados ou legislação”, comunicou o organismo.
Nos EUA, o Congresso já proíbe lançamentos para o Espaço de “qualquer material que possa ser usado com o intuito de publicidade espacial intrusiva”, sendo esta última definida como “publicidade no Espaço que possa ser reconhecida por humanos na superfície da Terra com ou sem recurso a um telescópio ou outro aparelho tecnológico”. No entanto, esta proibição apenas se aplica aos lançamentos dos EUA, não podendo ser aplicada a lançamentos de outros países.
“A proibição reconhece que o céu pertence a todos e deve ser protegido para todos os humanos agora e no futuro”, assume James Lowenthal, astrónomo que pertence ao Comité para a Proteção da Astronomia na organização, alertando depois que “outros países podem vir a aprovar lançamentos de ‘cartazes espaciais’ a partir do seu território” e que, por isso, uma proibição internacional “é crítica”, cita o Gizmodo.
As russas Avant Space e StartRocket já expressaram interesse em lançar anúncios para o Espaço e uma subsidiária da PepsiCo chegou a equacionar publicitar uma bebida energética ‘lá em cima’, mas o projeto não avançou. A proposta da StartRocket contempla um conjunto de satélites com velas com 9,4 metros de largura e cada uma a refletir a luz do Sol para Terra, compondo letras, padrões ou logotipos dos seus clientes.
Lowenthal alerta ainda que “antes havia poucos grandes intervenientes no Espaço, todos a um nível de governo nacional, como a NASA, a ESA, a China, a Rússia e a Índia – agora há centenas ou milhares de empresas espaciais privadas de olho num pedaço da ‘tarte’ espacial. O controlo e comunicação são diferentes e muito mais complicados. Todos têm interesses diferentes, culturas diferentes, objetivos diferentes e modos de operação distintos dos governos. E têm interesses muito fortes na publicidade, incluindo a espacial”.
A AAS apela diretamente à delegação dos EUA no comité especializado no espaço da ONU para ajudar a manter os céus limpos de anúncios.