Que a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos EUA (NASA) está a passar cada vez mais missões de exploração espacial para privados, não é novidade. Agora, o programa VIPER (de Volatiles Investigating Polar Exploration Rover) estar à venda, depois de estar quase concluído o desenvolvimento, isso sim, é inédito. A NASA pretendia com esta missão enviar um veículo para explorar mais a fundo a presença de água na Lua e usar esses conhecimentos para alimentar futuras missões no Espaço.
O VIPER, do tamanho de um Fiat 500, destina-se a explorar zonas geladas da Lua, tendo uma broca para perfurar até um metro de profundidade. Estava previsto o rover ser lançado ainda durante o próximo ano, a bordo de um lançador da americana Astrobotic. A sonda está já em testes finais, mas com o programa a atingir custos de 433 milhões de dólares (contra um orçamento inicial de 250 milhões), a NASA decidiu vender o veículo a privados e encarregá-los dos testes finais. E é assim que se chega à incomum situação de existir um veículo lunar, nunca usado, à venda.
O VIPER pode ser usada para encontrar formas de extrair o gelo e dividir os átomos de hidrogénio, de forma a criar combustível. A ser possível, a Lua pode vir a ser ‘transformada’ em estação de reabastecimento de combustível para missões para mais longe.
A NASA pretende que o futuro comprador possa, além dos testes finais, descobrir uma forma de alunar a sonda e realizar as suas missões científicas originais. O comprador deve assumir o compromisso de revelar as descobertas, mas é livre de manter as suas próprias ambições no que toca à exploração da Lua.
Intuitive Machines e ORBIT Beyond estão entre as 11 empresas que já mostraram interesse e que terão de passar depois pela aprovação do Congresso americano. Um porta-voz deste organismo político pede um “levantamento mais detalhado”. “Um dos temas que mais nos preocupa é como é que o cancelamento da VIPER vai impactar na nossa competitividade com a China”, cita a publicação The Economist.
Com a compra, a NASA deve conseguir poupar cerca de 84 milhões de dólares.