Mais de 200 profissionais já estão a criar software para a BMW em Lisboa e no Porto. E, segundo responsáveis da marca alemã presentes no Web Summit, é provável que a equipa ultrapasse os 500 elementos já no próximo ano.
«A experiência tem sido muito positiva. Trabalhamos muito bem com as equipas em Portugal. Verificámos que a cultura de trabalho aqui é muito semelhante com a que temos em Munique… Está a ser muito orgânico». É assim que Christoph Grote, vice-presidente da BMW na área da tenologia, descreve o desenvolvimento em Portugal. O responsável explicou que a Critical TechWorks já está a desenvolver software para os carros da marca alemã. «Em Lisboa estamos mais focalizados em aplicações para onboard e no Porto trabalhamos mais em aplicações offboard, mas, se necessário, podemos migrar recursos de um lado para outro». Isto porque a marca alemã tem vindo a desenvolver software para praticamente todas as áreas de negócio, desde aplicações para a infraestrutura, como gestão das redes e da informação recolhida pelos carros conectados – que já serão mais de 11 milhões, só da BMW –, até aplicações para o carro propriamente dito (onboard).
Para os responsáveis da tecnologia do grupo alemão, «é fundamental desenvolvermos tecnologia própria porque só assim podemos ser rápidos a apresentar novas soluções aos nossos clientes». Daí a BMW não ter qualquer dúvida a anunciar que já não é apenas uma empresa de mobilidade, mas de sim mobilidade e tecnologia. Christoph Grote recorda que «já desenvolvemos internamente tecnologia para a interface entre o condutor e o carro há 12 anos», adicionando, «não apenas uma moda, já desenvolvemos tecnologia própria há muito tempo».
Os responsáveis da marca bávara garantem que, ao contrário de muitas outras empresas que trabalham no desenvolvimento de software, não têm tido dificuldades em recrutar profissionais «talvez porque as pessoas querem trabalhar em produtos entusiasmantes». Da equipa atual, cerca de 150 profissionais vieram da Critical Software e os restantes foram recrutados em Portugal apesar de serem originários de diferentes nacionalidades: «há muita gente que quer trabalhar em Portugal», garante Christoph Grote.
Quando questionados pelas razões da escolha da Critical Software como parceiro para a nova empresa de desenvolvimento de software, os gestores da BMW foram rápidos a responder «era importante começarmos depressa e com um parceiro reconhecido em termos de qualidade e fiabilidade e há poucas empresas no mundo com a reputação da Critical».
Carros autónomos? Talvez em 2021
Em Portugal, a BMW planeia desenvolver blocos de software para áreas tão vastas como a internet das coisas (IoT), análise de grande quantidade de dados (big data), blockchain (sistemas de certificação de transferências digitais de dados), indústria 4.0 (sistemas para otimizar a produção), carros conectados e interface homem máquina (HMI).
Blocos que serão importantes para o desenvolvimento da condução autónoma, que a BMW vê como «uma maratona, não uma corrida de velocidade». A marca espera ter carros com condução de nível 3 no mercado em 2021, um nível que já permite condução sem intervenção do condutor em determinadas situações. Para o efeito, os engenheiros da marca consideram a conectividade 5G importante e, por isso mesmo, todos os carros da marca vão ter pré-instalação de rádio 5G a partir de 2020.