Há muitas décadas que já se fala de ambiente e da necessidade de preservá-lo. Este é um tema que tem vindo a evoluir, na sua forma, conceito e aplicação, desde 1972.
Pensar na história e evolução oferece-nos a capacidade de aprender a ser resilientes e pensar que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”. Foi na Conferência de Estocolmo, organizada pelas Organização das Nações Unidas em 1972, que se deu o primeiro impulso mundial, onde se falou do tema e da sua relação com a sociedade. Nessa conferência, o meio ambiente foi definido como “o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas”.
A primeira aplicação de preservação do meio ambiente era focada no “lixo” – leia-se resíduos e tudo o que a ele diz respeito -, depois águas residuais, passando a seguir por ser reconhecida a energia, até à sua visão integrada e holística que hoje felizmente se aplica a todos os setores e segmentos, tendo evoluído para o desenvolvimento sustentável, a economia circular, a bio economia e tudo o que seja verdadeiramente importante, para consciencializar o ser humano e interiorizar nas mentes humanas, a necessidade de mudar comportamentos e atitudes. Atitudes essas, que passam desde logo por deixar de ver as práticas e as soluções, em ambiente como um custo, mas sim como um investimento.
Atualmente, já existe uma percentagem (ainda pouco expressiva) com a “obsessão” de que tudo tem de ser “green” e sustentável. De facto, devemos mesmo pensar dessa forma. É preciso que todos evoluam e acompanhem essas tendências, fazendo aumentar a dita lei da oferta e da procura.
Hoje é já possível transformar terras obsoletas ou mono culturas em verdadeiros sumidouros de carbono através da avaliação e aplicação de investimentos feitos através do seu capital natural.
A tecnologia (testada e com mais de 60 anos de história), já permite nas grandes indústrias a introdução do hidrogénio com reduções diretas de quase 50%, no consumo direto de gás de natural, não precisamos de ir para grandes projetos de injeção de hidrogénio na rede de gás, podemos começar pela descentralização e produção local, junto dos pontos de consumo.
Devemos pensar num futuro próximo em mudar o nosso pensamento relativo à localização da produção versus consumo. Devemos pensar de forma integrada que temos de dispor localmente de tudo o que necessitamos para consumir, sendo “100 por cento” autossuficiente – a verdadeira economia circular. Sei que ainda vai levar décadas, mas é neste mundo em que acredito.
Foi há poucos dias que num almoço onde se debatia economia e energia e ao meu lado discutia-se o preço do gás e a aplicação do hidrogénio. Comentava-se, e bem, que a questão não é o preço do hidrogénio e o retorno, é em contraparte a questão: “E se um dia não tivermos mesmo gás natural a chegar aos pontos de consumo? Será que isso pode acontecer?”
Seria absolutamente arrogante assumirmos a possibilidade de sermos futuristas, por isso deixo-vos a questão: “Será que nessa altura alguém se vai lembrar do retorno e de discutir as soluções que demoram a implementar, pela falta de disponibilidade imediata da tecnologia, aumento do custo das matérias-primas, entre outros?! Será que esse dia pode acontecer? “
Podemos estar próximos dessa situação com o tema atual da Polónia e da Bulgária, que foram privados do gás russo. O gás natural, infelizmente, com a guerra veio provar que projetos como o do hidrogénio e gases renováveis não são de facto projetos a médio-longo prazo, mas projetos imediatos e com retornos imediatos.
O mundo mudou, estamos em guerra, estamos a sair de uma pandemia chamada Covid cujas consequências -do medo, das vacinas, das máscaras, do isolamento, das fobias criadas, na educação/socialização das crianças, do impacto na globalização e economia mundial – ainda não se conhecem.
Tudo isto é meio ambiente.
Contudo, ambos os fenómenos vieram acelerar a consciência de que somos globais e que tudo o que fazemos tem impacto global, e que somos obrigados a preservar o planeta para as futuras gerações. A tecnologia, o conhecimento profundo dos ecossistemas, ecologia, biologia, aumento de tecnologias disruptivas de armazenamento de energia, aumento da eficiência nos equipamentos de produção de energias renováveis: tudo isto vai evoluir e ajudar no impacto das alterações climáticas.
Vivemos num mundo de transição onde vamos ser obrigados rapidamente a evoluir, mudar hábitos; desde a alimentação pela falta de peixe no mar, apesar dos esforços da aquacultura, até à construção das nossas casas, no consumo de energia, água, redução de resíduos, conceitos de conforto, beleza, estética. Vamos ter de ser flexíveis, adaptáveis e criativos. Somos de facto demasiados para os hábitos que todo o mundo desenvolvido se habitou a exigir. Coisas simples como café, chocolate, acesso a higiene (banhos) coisas básicas em cuja necessidade e acesso já não refletimos e que têm impacto brutal no meio ambiente.
Caríssimos leitores nós sabemos. A questão é a capacidade de discernimento e de urgência que cada um de nós sente, e tem possibilidade de sentir. Sabemos, também, que no mundo ainda existem milhões sem acesso a água, luz, comida, educação. Esses países precisam de formação e apoio, e de que o mundo civilizado não lhes compre apenas os recursos que precisa para ter “conforto” e qualidade de vida, mas que os ajude na educação e formação de base para que o conhecimento sobre sustentabilidade seja algo inerente à sociedade.
Acreditamos que um mundo unido, com confiança e que deixe de pensar apenas com uma calculadora calculando se e quando os projetos terão retorno passaremos a dar mais valor às pequenas coisas e aos ditos conceitos de “felicidade”. Devemos analisar e ter no nosso dia-a-dia ações e tomadas de decisões que sejam vistas não como um custo, mas como investimento. As empresas têm obrigação de informar os seus clientes dos retornos de longo prazo de lhes dar informação, para a tomada de decisão na escolha dos seus produtos, através do cálculo das pegadas ecológicas, do desenvolvimento dos planos de ação e indicadores ESG. As empresas têm de ser criativas e apresentar soluções integradas aos seus clientes, para que estas consigam implementar soluções com uma visão holística no que diz respeito à sustentabilidade. Para isso é preciso comunicação, informação e formação.
O acesso à informação dos diferentes planos de ação de sustentabilidade das empresas, através de plataformas tecnológicas, é uma prioridade para permitir às organizações uma comunicação eficaz, para que esta seja uma prioridade e para a interação entre todos os stakeholders, por forma a que estes aprendam a considerar o ambiente não como um custo, mas como um investimento.