Quando Pedro Oliveira entrou pela primeira vez na Leica, em Famalicão, para um estágio curricular, sentiu que “tinha chegado ao paraíso”. Tinha 23 anos e uma licenciatura em Engenharia de Materiais da Universidade do Minho. Mas, tão importante quanto isso, levava na bagagem “uma experiência de vida enorme”. Natural de Cabeceiras de Basto, que traça a fronteira entre o Minho e Trás-os-Montes, o jovem Pedro vivia “num mundo rural” e “num ambiente duro”. Filho de comerciante, teve de trabalhar e estudar ao mesmo tempo, ainda mais quando o pai ficou doente.
“Estava habituado a andar de sol a sol, com o meu pai, a carregar caixas de melões e sacos de castanhas e batatas. A vida de comerciante é lidar com o público em geral, com reclamações a toda a hora. A linguagem é rude e bruta e, por isso, eu também era um bocado bruto”, conta à EXAME, num dos largos corredores da fábrica, o agora diretor-executivo e administrador da unidade produtiva da marca alemã em Portugal. “Estava a vender melões quando me ligaram para vir à entrevista. Carreguei-os logo na camioneta, fui para Cabeceiras de Basto, tomei um banho rápido, vesti-me e vim para Famalicão. Era uma quinta-feira e comecei a trabalhar na segunda-feira seguinte, 3 de abril do ano 2000, às 7h15.”