B.1.1.529. É a nova variante do vírus SARS-CoV-2, detetada na África do Sul, que está a preocupar as autoridades de saúde e que faz com que nos mercados financeiros os investidores temam que possa ser um novo risco à atividade económica. Reflexo disso é o desempenho das bolsas esta sexta-feira, com os principais mercados a sofrerem quedas acima de 2%. Também as ações asiáticas desvalorizaram cerca de 2%, após se terem conhecidos casos de infeção através de uma nova variante do vírus que sofreu um elevado número de mutações. Os dados preliminares apontam mesmo que a B.1.1.529 está a ganhar terreno à variante delta na África do Sul.
Dado o elevado número de mutações, o receio é que esta variante seja mais transmissível e mais resistente às vacinas. A Organização Mundial de Saúde está a monitorizar a B.1.1.529 e irá reunir para analisar os dados. Maria Van Kerkhove, responsável técnica da OMS no combate à covid-19, salientou que ainda se sabe pouco sobre esta variante. Mas, notou, o “que sabemos é que esta variante tem um grande número de mutações. A preocupação é que quando há tantas mutações, isso possa ter um impacto na forma como o vírus se comporta”.
Para evitar um cenário semelhante ao que aconteceu com a variante delta, com origem na Índia, o governo do Reino Unido foi rápido a agir e suspendeu os voos da África do Sul e de outros cinco países africanos. Foram ainda detetados dois casos desta nova variante em Hong Kong, o que poderá levar a China a reforçar a sua estratégia de Covid zero. O Japão e Singapura suspenderam voos e decretaram regras mais restritas de quarentena. E a União Europeia também irá propor limitações às viagens aéreas da África do Sul.
Nos mercados financeiros “os setores e os países mais expostos à pandemia e ao turismo e energia foram os mais atingido”, refere Neil Shearing, num relatório. O economista da consultora Capital Economics espera que “este padrão persista no curto prazo com os investidores a digerir as implicações desta nova variante”. Além das bolsas, os receios de que a B.1.1.529 possa trazer ainda mais constrangimentos à atividade económica levaram também a uma queda significativa dos preços das matérias-primas. O preço do petróleo, por exemplo, descia mais de 5% esta sexta-feira, para cerca de 77,5 dólares, devido ao receio de que possam surgir mais restrições nas viagens e um menor consumo desta matéria-prima.
“Com a onda da variante delta no início do ano ainda na memória, os investidores estão provavelmente a disparar antes de fazer questões até que se saiba mais sobre isto”, observou Jeffrey Halley, analista da corretora OANDA, numa nota a que a EXAME teve acesso. Também os economistas do ING notam, num relatório, que “será necessária mais informação, mas parece que vai ser uma ‘Black Friday’ para o sentimento” nos mercados financeiros.