Scott O’Neil é o presidente-executivo da Merlin Entretainments, a empresa que detém atrações como o Sea Life, o London Eye ou alguns dos mais famosos parques temáticos, desde os da Lego até aos da Pepa Pig, e deixou o aviso em declarações ao Financial Times, esta segunda-feira, 25 de março: é possível que a organização comece a cobrar mais consoante o período do ano para o qual as pessoas querem comprar bilhete. No fundo, O’Neil quer acompanhar uma tendência que já é seguida pelas companhias aéreas, pelos hotéis e pelas plataformas de transportes como a Uber: maior procura gera menor oferta, logo o preço deve subir.
O objetivo é que o número de visitantes das várias atrações que a empresa detém volte a aumentar para números pré-pandemia, explica. “É uma opção muito intuitiva”, justifica o executivo. “Se [uma atração] é no Reino Unido, estamos em agosto, que é o pico das férias do verão, está sol e é sábado, [o cliente] está à espera de pagar mais do que numa quinta-feira chuvosa de março”, referiu ao FT.
O responsável da empresa que apresentou receitas recorde na ordem dos €2,4 mil milhões em 2023, 8% acima do registado em 2022, diz que o problema não é tanto o valor – os seus resultados justificam-se pelo facto de os transeuntes estarem dispostos a pagar mais, apesar de terem sido menos, em número – mas sim o facto de haver alturas do ano em que o movimento quase não justifica a operação. Em 2019, 67 milhões de visitantes passaram pelas atrações da Merlin. Em 2023, o número fixou-se nos 62,1 milhões, apesar de terem todos pagado mais por cada atração.
O’Neill não esclareceu, porém, se isto significa que os bilhetes médios vão aumentar – a título de exemplo, um bilhete de um dia para a Legoland em Londres ou para o museu da cera Madame Tussauds custam, atualmente, 35 libras, se forem comprados online e, em alguns casos, em antecipação. O preço pode subir se decidir comprar no dia, e na bilheteira. Algumas cadeias de restaurantes norte-americanas parecem já ter adotado este sistema de tarifa dinâmica, embora não subam o preço médio. O que fazem é baixar os valores em períodos de menos afluência, para chamar mais consumidores.
Este é um modelo que pode ajudar a dispersar os visitantes das cidades mais turísticas ao longo de todo o ano, desde que haja possibilidade de calendário – muitas famílias europeias e norte-americanas viajam no verão simplesmente porque as escolas não lhes dão outra alternativa se quiserem um período mais alargado de passeio. A Merlin Entretainment é, atualmente, dona de 141 atrações em 23 diferentes países. Um movimento da sua parte pode causar um efeito dominó na indústria.