O futuro da Global Media começou a ser desenhado esta sexta-feira, com um memorando de entendimento entre os acionistas minoritários da empresa – Marco Galinha, José Pedro Soeiro, Mendes Ferreira e Kevin Ho – e a Officetotal Food Brands. O acordo passa pela compra de alguns títulos da marca, e não da empresa.
Assim sendo, o Jornal de Notícias, O Jogo, a TSF, a Evasões, a Volta ao Mundo, a Notícias Magazine, o JN História e a Rádio Comercial dos Açores passam para as mãos da empresa de Ponte de Lima, detida por um grupo de quatro empresários encabeçados por Diogo Freitas. Na posse dos atuais acionistas da Global Media ficam marcas como o DN e o Açoriano Oriental. O fundo das Bahamas, World Opportunity Fund, que detinha a empresa, deverá sair de cena.
“Existe um princípio de entendimento com vista a encontrar uma solução que assegure os títulos do Global Media Group e as condições de trabalho de todos os seus trabalhadores”, pode ler-se num comunicado enviado aos trabalhadores, na noite de sexta-feira, assinado pelos acionistas minoritários.
Informam ainda que “está previsto o pagamento dos salários até ao dia 7 de fevereiro, estando a ser avaliados mecanismos para a regularização do subsídio de natal”.
A Officetotal Food Brands é uma empresa com sede em Ponte de Lima, mas que agrupa empresários de vários pontos do país (duas empresas são do Porto e uma de Lisboa). O consórcio de empresários é liderado por Diogo Freitas, que já tinha mostrado interesse pelos títulos do grupo de comunicação há algumas semanas.
Num comunicado enviado a 12 de janeiro, diziam que estavam preocupados com “os recentes acontecimentos que colocam em causa a estabilidade da Global Media, a reputação das suas marcas e o emprego dos seus profissionais”.
A empresa detém marcas como a Saborosa, fabricante das famosas bolachas Belgas, emprega 58 pessoas e fechou o ano de 2023 com uma faturação superior aos 14 milhões de euros, uma subida de 22% face ao ano anterior.
Agora, surge como um bote salva-vidas para o histórico grupo de comunicação português, que estava em incumprimento do pagamento de salários. Os trabalhadores do quadro começaram nos últimos dias a receber os ordenados de dezembro, mas ainda não receberam o subsídio de Natal. Alguns colaboradores externos estão ainda sem receber o pagamento referente a novembro. Em cima da mesa estava ainda um despedimento de 150 a 200 trabalhadores.
Entretanto, ao final da noite de ontem, o Público dava conta de que a TSF estará a ser disputada por quatro investidores, três deles empresas nacionais e um grupo internacional. No entanto, não havia qualquer informação relativa à identidade de nenhuma delas.
A mesma publicação avançava ainda que haveria uma proposta para a totalidade da Global Media Group, vinda por parte do grupo polaco Gremi Media SA, que já no ano passado tinha disputado a compra do GMG com o World Opportunity Fund.
No dia 31 de janeiro, o presidente da comissão executiva da Global Media, José Pedro Fafe, tinha apresentado a demissão do cargo, seguindo a trajetória de outros cinco administradores: Filipe Nascimento, Paulo Lima Carvalho, Victor Menezes, Diogo Agostinho e Carlos Beja.