Velocidade podia ser a palavra de 2024 para a consultora EY, tal a agilidade com que prevê que o mundo continue a evoluir no próximo ano, de acordo com o seu relatório de previsão de riscos para as empresas.
Presente no evento da EXAME, das 500 Maiores & Melhores empresas de 2023, com o apoio do Bankinter da EY e da Informa DB, Miguel Cardoso Pinto, partner da EY, diz que “é interessante quando a gente olha para o mundo, que evolui nesta velocidade exponencial, e olhamos para 2024 e vemos que o ritmo da mudança será ainda maior”.
No relatório da consultora, há vários aspetos a ter em conta. As eleições em todo o mundo, sendo que “mais de metade da população vai a votos em 2024”, como na Índia, nos EUA e na Europa. “É importante as empresas perceberem as transformações que o resultado das eleições nestas geografias vão ter”, realça.
Outro dos riscos a ter em conta nesta mudança global está relacionado com uma “corrida às ‘commodities’”. “Neste momento estamos a ver países desenvolvidos como os EUA, o Canadá ou a Austrália a explorar muito mais os recursos naturais. Entre 2028 e 2022 quase duplicaram as explorações. E é um ponto importante, tendo em conta que estes países deixavam esta tarefa para países mais subdesenvolvidos”, realça Miguel Cardoso Pinto.
Sinais que mostram uma necessidade dos países em reduzir a dependência, principalmente energética e de recursos, após o abanão sofrido com a invasão da Rússia à Ucrânia.
Dos recursos naturais para a inteligência artificial. O avanço exponencial desta tecnologia pode mudar o curso da humanidade, para a EY, sendo que há países muito bem posicionados neste tema. “A inteligência artificial está a mudar o mundo e os governos estão a olhar para isto com grande atenção. Os EUA é um dos que está mais avançado na abordagem a este tema, mas a China está a tentar ter autossuficiência e o Reino Unido, que liberalizou o setor. E atenção, temos ainda a Arábia Saudita”.
O que esperar para Portugal
Numa economia global, Portugal também irá sofrer com todas as movimentações, sendo que, de acordo com este estudo da EY, o país continuará a beneficiar de investimento estrangeiro, principalmente de outros países que estão “agora a descobrir Portugal”.
“Portugal tem muitas coisas boas e uma delas é a capacidade de capturar cada vez mais projetos estrangeiros. Somos o sexto país da Europa neste campo, a melhor posição de sempre, temos em 2022 o maior número de projetos. E mesmo neste contexto de incerteza continuamos a captar muito investimento”, refere.
O partner da EY realça que este investimento que entra em Portugal virá sobretudo dos “suspeitos do costume”, como Alemanha, França, Estados Unidos e Espanha, mas lembra que há outros países a entrar com projetos no país. “É o caso da Holanda e da Dinamarca”, lembra.
Para as empresas portuguesas, o foco terá de ser alinhar-se com “as mudanças globais”. “O tabuleiro do jogo está a mudar e as empresas têm de ser capazes de acompanhar as mudanças”, diz, no mesmo evento, acrescentando que “é importante alinhar o negócio com as novas cadeias de valor. Portugal pode ser um país muito importante nesta cadeia”.