A inflação na Zona Euro abrandou mais que o esperado em novembro. A estimativa rápida do Eurostat revelou uma taxa de 2,4%, abaixo dos 2,7% que eram previstos pelo consenso dos economistas e do valor de 2,9% registado em outubro. Este indicador – que atingiu um máximo de 10,6% em outubro do ano passado – aproxima-se rapidamente da meta de 2% do Banco Central Europeu (BCE).
A contribuir para a desaceleração estiveram sobretudo os preços da energia, que tiveram uma descida de 11,5%. Ainda assim, a taxa de inflação subjacente – que excluiu a evolução dos preços de bens mais voláteis, como a energia e os alimentos – teve também um abrandamento significativo, passando de 4,2% em outubro para 3,6% em novembro.
Para impedir que os preços fugissem do seu controlo, a autoridade monetária da Zona Euro iniciou, em julho do ano passado, o ciclo mais agressivo de subida de juros na História da moeda única, que levou a taxa principal de refinanciamento de 0% para 4,5%. Os dados conhecidos esta quinta-feira podem ser um indício de que a autoridade monetária liderada por Christine Lagarde está a conseguir retomar as rédeas dos preços. “Isto mostra que os sinais de uma vitória iminente para o BCE estão a aumentar”, referem os economistas do ING, numa nota a que a EXAME teve acesso.
Os dados da inflação abaixo do previsto aumentam também a expectativa de que o BCE possa começar a descer as taxas de juro mais cedo que o esperado. Ainda assim, apesar do cada vez mais evidente processo de desinflação, os responsáveis do banco central têm mantido a retórica de que a batalha contra a inflação ainda não está ganha e que as perspetivas continuam incertas. Christine Lagarde, por exemplo, realçou esta semana no Parlamento Europeu que “as perspetivas a médio prazo para a inflação continuam rodeadas de uma incerteza considerável”.
Apesar dessa cautela, que pode muito bem ser repetida na próxima reunião do BCE em dezembro, nos mercados financeiros têm sido reforçadas as apostas de que os juros vão começar a descer em 2024. Após serem conhecidos os dados da inflação de novembro, os economistas da Capital Economics, por exemplo, passaram a estimar que o primeiro corte nas taxas de referência aconteça no próximo mês de junho em vez de setembro. Também o ING conta agora com uma descida nos juros antes do verão.
Essas expectativas têm levado as Euribor a estabilizar. Aliás, o indexante a seis meses tem tido descidas ligeiras nos últimos dias, passando de 4,128% para 4,058%. Os dados vindos dos mercados financeiros mostram que, face à informação atual, os investidores estão a contar com uma descida no próximo ano, com uma queda até final de 2024 para valores próximos de 3%.