Na última semana, têm sido múltiplos os sinais recebidos em vários pontos do Globo que deixam claro que efetivamente é “preciso dar férias ao ambiente”. Claro está que “estas férias” não passam apenas por deixar de viajar, mas o Turismo tem também um papel a cumprir ou não tivesse um estudo da Universidade de Sidney, apontado o turismo como sendo um dos sectores que mais contribui para as alterações climáticas, representado 8% do total de emissões de CO2. De resto, já no ano passado, um relatório preliminar do Painel Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima, deixava o “mundo em alerta” pela gravidade dos dados revelados, os quais permitiam antever que, até 2050, a vida na Terra como a conhecemos pode estar verdadeiramente ameaçada.
Um ano depois, continua tudo mais ou menos igual mas com cada vez mais evidências desta necessidade de mudança urgente. A juntar aos fenómenos meteorológicos anormais para a época do ano que se vão registando um pouco por todo o mundo, projeções recentes do Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S), implementado pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas, identificam este ano, tendo em conta as temperaturas registadas até julho, como o terceiro ano mais quente de sempre. Mas as previsões alarmantes não ficam por aqui. De acordo com a mesma fonte, prevê-se que o ano mais quente de sempre seja um dos próximos 5. Por tudo isto, o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, alertava em julho que “a necessidade de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa é mais urgente do que nunca”.
Para aqueles mais céticos e que continuam a ignorar os sinais emitidos pelo Planeta Terra, há evidências mais “palpáveis” e que têm inclusivamente obrigado várias entidades locais a tomar ações para proteger o património turístico local. Na última semana, chegou-nos um exemplo do Japão, onde o Monte Fuji, classificado como Património Mundial da Humanidade pela Unesco, vai “fechar portas” aos turistas até ao final do ano, isto já depois de, em agosto, em função da excessiva procura, as autoridades locais terem, numa medida inédita, sido obrigadas a limitar o acesso aquele que é o vulcão mais conhecido daquele arquipélago. Tudo isto resultado do crescimento na procura desta atração que registou um aumento a rondar os 17% no número de turistas face ao período pré-pandemia, levando a uma situação de sobrelotação, que para além de aumentar o risco de deslizamento de rochas, pode ainda segundo Yasuyoshi Okada, Presidente do ICOMOS (International Council on Monuments and Sites) daquele país, colocar em risco a manutenção do estatuto atribuído pela UNESCO há 10 anos, sem esquecer que são vários os relatos que dão conta do aumento do lixo e das emissões de CO2 naquela zona.
Este não é caso único e receamos que se venha a tornar cada vez mais comum. Tudo isto, deixa-nos no entanto com um grande desafio em mãos: como proteger o ambiente do Turismo sem colocar em risco aquele que é o Setor chave de várias economias mundiais? Conforme defendemos na obra lançada este mês “TURISMO E HOTELARIA FUTURELAND – Sustentabilidade e Tecnologias para o Futuro”, a resposta passa por abraçarmos a tecnologia, aproveitando todas as mais-valias que esta nos pode trazer. Por exemplo, neste caso concreto apresentado anteriormente, a resposta pode estar no Turismo Virtual.
De resto, são cada vez mais os destinos e atrações que estão a migrar para este mundo virtual, seguindo de resto, o exemplo da Alemanha que logo em 2020 e ainda que muito por culpa da pandemia, via o Organismo Estatal que gere o Turismo daquele país a propor que os turistas visitassem os monumentos e atrações turísticas do país sem saírem de casa, realizando visitas virtuais pelo Património Mundial alemão. Claro está que o leitor dirá que há “visitas” que só fazem sentido in-locu mas não haverá tantas outras que até tendo em conta a qualidade da tecnologia serão igualmente impactantes, tornando-se muitíssimo mais acessíveis (financeiramente e não só) para todos e ao mesmo tempo com um impacto “zero” do ponto de vista ambiental?
Muitos dos leitores e principalmente aqueles com negócios na área do Turismo, dirão que estas medidas, levariam a uma quebra de visitantes in-locu e que a fatura a pagar seria demasiado alta mas será que, esta mesma quebra, não seria “compensada” pela quantidade de turistas que de repente, através do turismo virtual, poderiam viajar até ao Monte Fuji? E sem esquecer que esta via do turismo virtual, permitiria proteger o Monte Fuji ou tantas outras atrações que começam a dar sinais de desgaste e que podem mesmo estar em risco a curto prazo. Importa por isso aos decisores pensar e criar outras formas de viajar, porque ainda que em alguns casos se possa traduzir numa quebra de receita para todo o “ambiente turístico”, esta é quiçá, a única via para que o preço a pagar pela Humanidade não seja, a curto prazo, demasiado caro.