Primeiro, entrou no nosso imaginário porque algum familiar tinha pelo menos uma peça Olaio na sala – geralmente o móvel da televisão. Ou a mesa e cadeiras de jantar. Depois, fomo-la recordando em séries de época onde eram mobiliário indispensável. Mas a Olaio voltou mesmo, agora com uma nova geração ao leme – João Olaio – e a ajuda de Renata Vieira. Partilham a propriedade da empresa em partes iguais, decidem à mesa e com muita liberdade e sabem o que querem para a marca: voltar a colocá-la nas casas dos portugueses. “Mesmo quem tem hoje 20 anos, quem tem menos de 40, vá, vê, gosta e lembra-se de alguma coisa”, começam por dizer à EXAME. “O design e a qualidade são muito valorizados, e nós continuamos a fazer coisas com muita qualidade. Acho que há uma nova geração de consumidores que passou a ter menos pressa, com uma consciência ambiental e social que deixou de comprar para deitar fora”, e é aí que está o seu mercado, garantem.
A Olaio nasce nos anos 1930 pelas mãos de José Olaio e, rapidamente, conquista as casas, os hospitais, os teatros, as repartições públicas ou os cafés portugueses. No final dos anos 1980, questões familiares acabam por ditar o rumo do negócio: em 1998, é decretada a falência da fábrica que a Olaio detinha em Sacavém e, desde então, a marca esteve adormecida. Só que João, neto de José, nunca se conformou com o desaparecimento de algo que fazia parte da sua vida. Em 2015, com Renata a bordo, começam um trabalho intenso de pesquisa do material existente – espólio, modelos, moldes – e, em 2016, a Olaio renasce com a mesma qualidade e exigência de sempre. Relançam modelos icónicos em produções pequenas, complementam com produtos novos, mas inspirados nas linhas que ditam a filosofia Olaio, e trabalham com parceiros ao invés de investirem em fábricas próprias.
Um investimento que até agora foi totalmente feito com recurso a capitais próprios e que tem permitido à empresa ter contas positivas. O facto de Renata e João concentrarem em si praticamente tudo o que há para fazer além da produção ajuda a explicar, mas nem por isso perdem o entusiasmo e os sorrisos. “Pagamos tudo a pronto pagamento. Fazemos ponto de honra nisso, e é uma das razões pela qual os nossos parceiros gostam de trabalhar connosco”, garantem. Experientes, os gestores garantem que “as coisas têm corrido bem”, atiram divertidos. “Crescemos todos os anos e queremos superar desafios todos os anos”, garantem. Querem também continuar a inovar, com a ajuda das equipas com quem trabalham e dos próprios consumidores, que vão dando ideias a uma marca que “nunca vai ser muito disruptiva”, mas vai entregar aquilo que promete: qualidade, intemporalidade e exclusividade.