Começam a chegar com maior evidência aos bens de consumo as consequências dos aumentos dos preços com matérias-primas, energia e transportes, desencadeados com a retoma da procura global depois dos confinamentos – que, por sua vez, tinham destroçado cadeias de produção um pouco por todo o mundo, com impacto também na componente logística e no aprovisionamento.
Desta vez o reflexo desta “tempestade perfeita” é no preço dos papéis tissue, necessários ao fabrico de bens como papel higiénico, guardanapos ou rolos de cozinha e toalhetes de mão, que deverá aumentar entre 8% e 10%, a partir de 1 de dezembro nos produtos fabricados pela Navigator e vendidos na Península Ibérica.
Num comunicado enviado esta quarta-feira às redações, a empresa diz que os aumentos serão ainda maiores fora de Portugal e Espanha e atribui a subida não só aos aumentos dos valores dos produtos químicos no mercado internacional, como dos materiais de embalagem, da logística e energia, mas sobretudo à matéria-prima, a celulose. A nível internacional, refere a empresa, o índice do preço desta pasta de papel disparou “78% desde o início do ano”, enquanto o preço da eletricidade cresceu quase quatro vezes e o do gás natural quase seis vezes face a 2020.
Em Portugal a Navigator tem quatro unidades fabris: Cacia, Figueira da Foz, Setúbal e Vila Velha de Ródão. Esta última, segundo o grupo, é “a fábrica de tissue mais eficiente da Península Ibérica e a segunda na Europa”, com duas máquinas construídas em 2009 e 2015 capacidade produtiva total de 60.000 toneladas, de acordo com o site da firma.
Nos primeiros nove meses do ano, as vendas de papel tissue representaram 9% do total de faturação da empresa. No comunicado em que anunciava os resultados do terceiro trimestre, a companhia já avisava que a “subida acentuada do preço da pasta ao longo do ano” estava a colocar “uma grande pressão na margem dos
produtores de tissue, tendo um número alargado anunciado aumentos de preço”.