Praticamente dois anos depois do seu arranque, terminou o processo colocado por investidores contra a Farfetch, que acusava os seus responsáveis de terem propositadamente omitido informação, gerando perdas para quem comprou ações aquando da entrada em bolsa. O tribunal nova-iorquino acabou por não dar razão a qualquer argumento dos queixosos, encerrando o caso no final da semana passada.
De acordo com a sentença, a que a EXAME teve acesso, a juíza Alison J. Nathan considerou que as informações prestadas pela Farfetch aquando da oferta inicial de ações não eram mentira nem deu como provado que José Neves e outros responsáveis tenham omitido informação relevante com o intuito de enganar os investidores. Por outro lado, em relação a vários pontos, a juíza considerou que os queixosos (grupo que inclui desde investidores particulares a grandes fundos de pensões e de investimento) não provaram as irregularidades que imputavam à Farfetch.
A decisão, tomada no final da semana passada, ainda é passível de recurso para outro tribunal.
A Farfetch, criada em 2008 por José Neves, foi considerada o primeiro ‘unicórnio’ português em 2015, quando atingiu uma valorização de mil milhões de dólares. A organização estreou-se na bolsa de Nova Iorque a 21 de setembro de 2018. No arranque da negociação, os títulos que, com a oferta pública inicial entraram em bolsa a valer 20 dólares cada, dispararam 35% para 27 dólares. No entanto, em boa parte do ano seguinte, os títulos estiveram muito pressionados, chegando a negociar bem abaixo dos dez dólares. Foi então que um grupo de investidores decidiu processar a empresa e os seus responsáveis, alegando que estes haviam escondido informação e divulgado informação enganosa aquando da venda das acções, em 2018. Nomeadamente, em relação à sua estratégia de aquisições e à política de promoções e o seu impacto no negócio. Tudo alegações agora rejeitadas pelo tribunal.
Entretanto, as acções da Farfetch recuperaram, estão há mais de um ano acima dos 20 dólares e negoceiam atualmente nos 37 dólares.