Minutos depois de rumores que davam conta de que os Estados Unidos teriam ameaçado sair da Aliança Atlântica, o presidente norte-americano deu sinais de tréguas com os seus aliados na organização e anunciou que os outros 28 países da NATO deverão reforçar o seu financiamento de despesa militar em até 40 mil milhões de dólares.
“Vão aumentar [o financiamento] para níveis nunca antes pensados. Estava a cair muito substancialmente, apenas cinco dos 29 países estavam comprometidos. Vai ser um pouco mais de 2% [do PIB],” afirmou Donald Trump esta quinta-feira em conferência de imprensa a partir de Bruxelas, onde se reuniu a cimeira.
Na altura em que Trump falava estava ainda por apurar o valor definitivo de financiamento acrescido – o presidente norte-americano falava na altura de um valor em torno dos 33 mil milhões de dólares, que poderia ir até aos 40 mil milhões. Mas disse esperar que esse reforço por parte de cada país membro viesse a acontecer nos próximos anos, ao longo de um período relativamente curto.
Mais tarde, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, acrescentou que, desde a eleição do 45.º presidente dos EUA, os membros europeus da NATO e o Canadá assumiram mais 41 mil milhões de dólares para gastos com defesa “e todos eles se comprometeram a aumentar este valor substancialmente,” mas sem indicar em que dimensão. Um reforço que deverá permitir baixar a quota de financiamento dos Estados Unidos.
Por outro lado, o secretário-geral apenas confirmou um entendimento sobre um aumento dos gastos até aos 2% do PIB, ao contrário do que Trump tinha dito. “Temos o compromisso de gastar 2%. O importante agora é que precisamos de investir mais – e de conseguir mais financiamento. E o positivo é que, muito por causa da mensagem clara do presidente Trump neste encontro, os aliados perceberam essa necessidade,” disse o responsável à CNN.
Questionado sobre os rumores de que Trump teria, à porta fechada, ameaçado desvincular os EUA da Aliança Atlântica, Stoltenberg apenas reconheceu ter havido uma “discussão muito franca e aberta”, mas admitiu que essa discussão “criou um novo sentido de urgência.”
“Disse que ficaria muito desagradado se eles não reforçassem substancialmente o seu compromisso. Os países vão começar a reforçar. Fiz-lhes saber ontem que estava muito desagradado. A NATO está mais forte do que há dois dias,” garantiu o presidente perante os jornalistas. Horas depois, num tweet, reclamou um “grande sucesso” com os “milhares de milhões de dólares” pagos desde a sua eleição.
Mais do que o compromisso de 2% do PIB com a NATO (que deveria ser atingido pelos membros até 2024), o chefe de Estado norte-americano foi mais longe e insistiu na subida da fasquia para os 4%, considerando-o um número correto e alegando que, dependendo dos cálculos, os EUA suportam hoje a organização com 4,2% do seu PIB, que é o maior do mundo.
“[As contribuições] estavam a cair quando eu entrei e agora vão subir como um foguetão,” tinha ilustrado Trump durante a conferência de imprensa, horas antes. “Agora estamos a ser tratados justamente porque os outros países aumentaram o seu compromisso. A NATO é agora uma máquina afinada, as pessoas estão a pagar como nunca, estão felizes com isso e os EUA estão a ser tratados justamente,” acrescentou.
Questionado sobre se, no final da cimeira, a sua posição poderia mudar a bordo do Air Force One – como aconteceu no G7 no Canadá, – recusou: “Os outros é que fazem isso. Eu não. Sou muito consistente. Sou um génio muito estável.”
Notícia atualizada e título alterado depois de declarações do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg