Cerca de 625 mil milhões de euros é a verba necessária estimada para acabar mais de sete vezes com a pobreza extrema no mundo. Contudo, em 2017, a mesma quantia – que corresponde a 82% da riqueza criada no mundo – foi adicionada aos cofres dos 1% dos mais ricos da população mundial.
Mas o estudo realizado pela organização não-governamental Oxfam traz mais números alarmantes sobre a desigualdade a nível global: 42 pessoas possuem agora a mesma riqueza que 3,7 mil milhões mais pobres. No ano anterior, eram 61. E em 2009, 380.
O relatório “Recompensem o trabalho, não a riqueza” calculou que a riqueza dos bilionários aumentou em média 13% ao ano entre 2006 e 2015, seis vezes (2%) mais do que os aumentos dos salários pagos aos trabalhores na mesma época.
“A concentração da riqueza extrema no topo não é um sinal de uma economia próspera, mas um sintoma de um sistema que está a falhar com as milhões de pessoas trabalhadoras com salários de pobreza que fazem asnossas roupas e cultivam os nossos alimentos”, alerta Mark Goldring, chefe executivo da Oxfam no Reino Unido. O responsável acrescenta que é necessário insistir em salários dignos, melhores condições de trabalho e que as mulheres não sejam discriminadas. “Se isso significa menos para os já ricos, então é um preço que nós – e eles – deveríamos estar dispostos a pagar.”
O lançamento do relatório internacional da Oxfam foi feito na véspera do Fórum Económico Mundial, que junta os principais líderes políticos e empresariais do mundo na cidade de Davos, na Suíça, e que decorre entre esta terça-feira, 23, e 26 de janeiro.
5 factos sobre a desigualdade económica mundial:
– Atualmente existem 2.043 multimilionários no mundo e 9 em cada 10 são homens.
– A diferença salarial média entre homens e mulheres é de 23%. De acordo com o Fórum Económico Mundial, serão necessários pelo menos 217 anos para o equilíbrio salarial entre os géneros.
– Aproximadamente 56% da população mundial vive com dois a dez dólares por dia (cerca de 1,6 a 8,1 euros).
– Leva apenas quatro dias para um CEO de uma das cinco maiores marcas mundias da moda ganhar o que um trabalhador da mesma indústria em Bangladesh irá ganhar em toda sua vida.
– Caso nada seja feito, quase 500 milhões de pessoas ainda irão viver com menos de 1,90 dólares por dia em 2030 (cerca de um euro e cinquenta e cinco cêntimos).