Enriquecer com a pobreza dos outros
O salário médio mensal do cargo de gerente em Moçambique não chega a €500, o que equivale à remuneração de uma manhã de um consultor internacional contratado pela ONU, pelo Banco Mundial ou pela Comissão Europeia para trabalhar num projeto sobre pobreza ou ambiente no país. É neste tipo de assimetrias que começam as desigualdades sociais e prosperam os sentimentos de injustiça e instrumentalização
No reino da Serra da Estrela cadente
É incompreensível que no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina se sinta cada vez mais a pressão da agricultura intensiva e a praga das casas pré-fabricadas (ou tiny houses), instaladas off-grid por toda a parte em terrenos rústicos, sem licença de habitação – e com elevados impactos na paisagem, nos ecossistemas e, já agora, no Estado de Direito
O futuro ainda agora começou
Temos uma dificuldade crónica em ter uma consciência global e futura, isto é, em fazer mudanças em benefício de outras geografias ou de quem ainda nem sequer nasceu, sobretudo as nossas lideranças. Recorrendo a Freud, agimos como “reis-bebés”, ou seja, somos narcisistas, infantis e inseguros
De Nova Iorque para o mundo: Em defesa da natureza
O princípio de sermos responsáveis pela nossa pegada ecológica é justo e necessário. E nada impede que esse princípio se estenda aos cidadãos. Há cada vez mais soluções tecnológicas simples (apps) que permitem calcular a nossa pegada ecológica, com base nos nossos hábitos e estilos de vida. Ora, ultrapassado um determinado crédito anual, deveríamos ter de adquirir créditos
De Nova Iorque para o mundo: Rumo à COP28
Em 2022, as empresas de combustíveis fósseis pagaram mais de 50% dos seus lucros (mais de 100 mil milhões de euros) em dividendos. Já o valor que investiram em energias renováveis e em inovação foi residual
De Nova Iorque para o mundo: o poder das palavras
A última sessão deste segundo dia teve como convidado Michael J. Fox. Desde que foi forçado a abandonar a carreira de ator, já conseguiu levantar e entregar à ciência dois mil milhões de dólares para apoiar a investigação sobre a doença de Parkinson. Quando Hillary lhe perguntou se tem pena de não ter concretizado na plenitude essa carreira, respondeu: "Se conseguir contribuir de forma decisiva para a descoberta da cura desta doença, tocarei muito mais pessoas do que alguma vez tocaria como ator"
De Nova Iorque para o mundo: O 1.º dia da Clinton Global Initiative
Para 9 ou 10 mil milhões de pessoas viverem bem no planeta Terra em 2050, temos de transitar do paradigma da sustentabilidade (impacto nulo), para o paradigma regenerativo (impacto positivo). Já sabemos que “não herdámos a Terra dos nossos avós, pedimo-la emprestada aos nossos netos”. Ora, para a entregarmos em condições, temos de começar a remendar alguns disparates do últimos 100 anos
De Nova Iorque para o mundo: o caminho interior
"Surpreende a quase ausência da dimensão pessoal. Não dependerá também a paz, sociedades coesas e um planeta saudável do modo como cada um de nós floresce enquanto pessoa?" Primeiro apontamento diário de João Wengorovius Meneses em Nova Iorque, numa semana em que decorre na cidade a Assembleia-geral das Nações Unidas, a Clinton Global Initiative e a Climate Week New York
A bolha da realidade
A reinvenção do modelo de desenvolvimento que herdámos da Revolução Industrial – ambiental e socialmente insustentável – devia ser o centro das ações política e económica. Mas, para isso, seriam necessários decisores astronautas, com corações capazes de bater pelo universo, que não estivessem reféns da bolha da sua realidade
Os desafios do setor do turismo
O problema não é o turismo, mas sim o excesso de turismo, o turismo de massas e o facto da oferta turística não incorporar no preço final os seus impactos sociais e ambientais
Viver sempre também cansa
As empresas de combustíveis fósseis registaram lucros recorde e fugas incompreensíveis. Num contexto em que precisamos de reduzir as emissões globais em 45%, até 2030, mas em que atualmente se prevê um aumento destas de 15%, ou esses lucros são investidos na transição energética ou devem ser fortemente taxados
As compras públicas como espelho do Governo
Se o Governo tivesse um compromisso sério com as compras públicas ecológicas – e, já agora, também com a dívida pública verde –, o País podia mesmo acelerar a sua transição para um modelo de desenvolvimento sustentável e ser um exemplo para o mundo
Um Governo em queda livre?
Quando deixei o XXI Governo Constitucional, recebi ameaças absurdas. Desde a publicação de notícias falsas a meu respeito, até à de nunca mais conseguir emprego em Portugal, pois seria vítima de perseguição “até à morte” de duas entidades bem conhecidas (uma política, a outra civil). Há muito a fazer para que os partidos sejam escolas de cidadania, não agências de emprego e influência, e para que os seus métodos nunca se confundam com os da máfia napolitana
Por uma Presidência Aberta do Ambiente
Portugal tem tudo para ser um exemplo de desenvolvimento sustentável para o mundo, mas precisa de líderes – e este é o momento. Na década de 1990, Mário Soares fez duas presidências abertas sobre o ambiente. Foram ambas corajosas e mobilizadoras. Hoje, temos compromissos ambientais muito mais progressistas, mas não basta. Precisamos da energia e da audácia dos líderes, nomeadamente, do Presidente da República e do Ministro do Ambiente
A Terra Devastada
Durante a COP27, no Egito, fiquei alojado num resort frequentado por turistas europeus de classe média, a aproveitar o mar vermelho em regime pulseirinha all in. Nunca tinha testemunhado tanta arrogância para com os empregados, nem tanta gente a comer tanto – as pilhas de comida amontoavam-se e quase sempre acabavam entregues aos corvos locais –, nem tanta indiferença face à beleza local. Este resort podia bem ser uma metáfora algo trágica do nosso modo autocentrado, extrativo e indolente de habitar o planeta Terra
A questão dos plásticos
Mais de metade dos plásticos são desenhados e produzidos para uso único, ou seja, para descarte imediato. Para se ter uma ideia de escala, por minuto, é vendido um milhão de garrafas de plástico, todos os anos são utilizados 5 biliões de sacos de plástico de uso único e só nos Estados Unidos são deitadas fora mil milhões de escovas de dentes de plástico por ano
Nos 21 anos do BCSD Portugal
Hoje sabemos que as empresas do futuro são as que forem capazes de criar valor partilhável, as que colocarem o propósito, as pessoas e o planeta à frente do lucro. Só assim seremos capazes de transformar o modo como produzimos, consumimos e vivemos
Winter is coming
Os estilos de vida e modelos de desenvolvimento que emergiram há duzentos anos com a Revolução Industrial – assentes em combustíveis fósseis e em elevados níveis de produção, consumo e desperdício – têm os dias contados. Ou isso ou o planeta e a Humanidade entrarão num declínio progressivo inexorável
Into the wild
A valorização da diversidade, da igualdade e da inclusão deveria ser algo natural, uma evidência, não algo a depender de leis ou políticas empresariais. Um mundo monocromático, de uma nota só, seria obviamente infinitamente mais pobre
No meio do caminho para 2030
Como diz o ditado africano: “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado.” Um dos maiores desafios da transição para a sustentabilidade é que para esta ser bem-sucedida não poderá deixar ninguém para trás e terá de respeitar os princípios – incluindo as limitações – da democracia
Ode marítima
Talvez por ser algo distante, longe da vista, temos saqueado o mar sem parcimónia e feito dele o nosso balde do lixo, o lugar anónimo onde tudo desagua