Não há país que eu conheça que viva tamanha obsessão mediática com o Orçamento do Estado como este cantinho à beira-mar plantado. Portugal vive há meses uma espécie de tai chi retórico, um karaté em câmara lenta, que tem como objetivo convencer-nos de que o sol nasce e põe-se apenas e só se o Orçamento for aprovado e toda a gente se portar bem.
Quando fui de férias, a meio de agosto, era o tema quente. Voltei, e o tema é o mesmo. Pior do que isso, a discussão continua a ser feita da mesmíssima forma, com bluffs e contra-bluffs de Governo e do PS, temperada com as costumeiras pressões de Marcelo. A bem da novidade, valha-nos o Chega, que à custa da sua impaciência e inconsequência nunca deixa de alimentar a narrativa com factóides novos (a última foi a de que viabilizaria o OE se o Governo não falar com o PS, uma versão nada atualizada do infantil “não vou ser mais teu amigo se fores amigo daquele”).