Poderão quatro bilhetes de comboio oferecidos aos jovens, para que conheçam “a riqueza e as belezas do País”, distrair o povo da discussão que marca a agenda política, desde a Festa do Pontal, na rentrée do PSD? António Costa esforçou-se, na Academia Socialista, evento decorrido em Évora quase um mês depois: os bónus aos jovens, a devolução das propinas, o IRS zero no 1.º ano de trabalho e, last but not least, os quatro bilhetes da CP – que funcionam como uma cereja cristalizada em cima de um bolo de iogurte – parecem mais ser soluções de recurso, para ter alguma coisa para dizer durante uma rentrée demasiado serôdia, e antes da discussão do Orçamento, do que medidas realmente estruturais para mudar o futuro da “geração mais qualificada de sempre”. O PSD concluiu que o filão da baixa dos impostos está a render e percebeu que apanhou o Governo atrasado. Vai daí, esta terça-feira, voltou a apresentar – pela 3.ª vez! -. exatamente as mesmas medidas (mas agora por outras palavras), que já tinha anunciado, pela voz de Luís Montenegro, na Festa do Pontal, e esmiuçado pelos mesmos protagonistas (António Leitão Amaro e Joaquim Miranda Sarmento) numa outra conferência de imprensa. Houve um novo pretexto: o PSD agendou, já para dia 20, a discussão e votação das suas propostas, o que vai obrigar o PS a vir a jogo antes da discussão orçamental – para além de responder à iniciativa do Chega, que, veja-se lá a surpresa, resolveu apresentar, outra vez, uma moção de censura, a discutir e a chumbar, provavelmente, na véspera. Assim, o PSD espera fragilizar o Governo, mantendo-o na defensiva, e também espera que desse chumbo da maioria socialista saia a perceção pública de que os socialistas resistem a aliviar a carga fiscal.
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