O partido de extrema direita Vox vai estar no governo de 10 grandes cidades de Espanha, em conjunto com o PP conservador. Mas mais do que a soma aritmética de lugares para garantir uma governação estável, aquilo a que se começa a assistir é a uma aproximação demasiado rápida do PP a algumas das ideias mais retrógadas e polémicas do Vox. O exemplo mais gritante disso mesmo é o acordo assinado entre os dois partidos para o governo da Comunidade Valenciana, uma importante região com cinco milhões de habitantes e um orçamento de 30 mil milhões de euros. Nesse acordo, por exemplo, é completamente ignorada a crise climática – apesar da região ser uma das mais afetadas com a falta de água – e, mais chocante ainda, é eliminada qualquer referência à “violência machista” e à igualdade de género – que é, como se sabe, um dos maiores problemas de Espanha, onde mais de 1200 mulheres foram assassinadas pelos seus atuais ou ex-companheiros, nos últimos 20 anos.
Esta cedência do PP às ideias do Vox, numa matéria tão sensível, não deixa de ser um sinal de que, afinal, o partido de centro-direita pode estar disponível para adotar posições mais radicais, apesar do esforço que o seu líder, Alberto Núñez-Feijóo, tem feito para manter o partido ao centro, numa via mais moderada.
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