A Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) solicitou ao Governo português que estabeleça como prioridade para acolhimento as crianças refugiadas e as suas famílias e promova um projeto-piloto para acelerar o processo de recolocação dos mais vulneráveis.
Numa carta aberta dirigida ao Governo português, a PAR faz algumas sugestões para ajudar no processo de acolhimento dos refugiados, numa altura em que começam a chegar alguns grupos a Portugal.
A PAR refere na carta que o processo de recolocação estabeleceu como limite máximo o acolhimento de 160 mil refugiados, ao longo de dois anos, um número que está muito aquém do universo total dos 1,2 milhões de refugiados que chegaram à Europa nos últimos meses.
Em declarações à agência Lusa, o coordenador da PAR, Rui Marques, adiantou que a situação “é particularmente grave” e “perante tantas necessidades” e não sendo possível integrar todos no programa de recolocação, a PAR defende que “devem ser estabelecidas prioridades de acolhimento aos refugiados mais vulneráveis”.
“Evidentemente que toda a gente necessita de atenção, apoio e acolhimento, mas em situações de salvamento é importante o estabelecimento de prioridades”, disse Rui Marques.
A PAR considera que entre os refugiados mais vulneráveis estão as crianças, em linha com a posição tomada recentemente pela UNICEF e o ACNUR, que criarem uma rede de pontos de apoio às crianças e adolescentes e as suas famílias ao longo das rotas migratórias mais frequentemente utilizadas na Europa
“Só nos primeiros dois meses do ano chegaram à Europa cerca de 44 mil crianças refugiadas, a maioria, felizmente, acompanhada das suas famílias”, disse Rui Marques, observando que os menores representam 37% dos candidatos a asilo que chegaram à Grécia.
Além das crianças, também deve ser dada prioridades às grávidas, doentes ou vítimas de tortura, defendeu o responsável.
A PAR também vai passar a estar presente de “uma forma permanente na Grécia”, no âmbito da iniciativa PAR — Linha da Frente, anunciou Rui Marques.
“Depois de termos trabalhado e apoiado o Líbano, decidimos apoiar também a Grécia numa perspetiva de colaboração com instituições que estão no terreno”, como a Cáritas e o Serviço de Jesuítas de Apoio aos Refugiados.
Esta colaboração pode passar por voluntariado, apoio financeiro ou em bens, adiantou Rui Marques, sublinhando que “é uma questão de emergência humanitária que é preciso dar resposta”.