Luísa Cortesão morreu ontem, aos 65 anos. A participação no primeiro workshop do projeto Lata 65, que ensina os mais velhos a grafitar, despertou-lhe a paixão tardia de encher paredes com bruxas, velhas, fadas ou dragões.
Depois de uma vida dedicada à endocrinologia, que abandonou aos 59 anos devido a uma doença que lhe afetou a audição e a visão, Luísa Cortesão respondeu ao desafio da filha, a artista plástica Rosa Pomar, e tornou-se no símbolo do projeto Lata 65.
O primeiro desenho que pintou na parede, em 2012, uma velhinha com uma lata de spray de mão tornou-se o logótipo da iniciativa que leva a arte urbana aos mais velhos.
«Era o nosso maior exemplo, uma inspiração, uma alegria», afirmou Lara Seixo Rodrigues, arquiteta e uma das responsáveis pelo Lata 65, ao DN. «Estava sempre a procurar ser mais curiosa e a aprender coisas novas», acrescentou.
Casada com o crítico de arte Alexandre Pomar, filho do pintor Júlio Pomar, sempre esteve próxima das artes. A fotografia era outra das suas ocupações, que partilhava em plataformas online como o Flickr ou o Instagram. Mas era aos grafitti que mais tempo livre dedicava nos últimos tempos, fosse sozinha, acompanhada por amigos ou pelas netas.
Luísa Cortesão conquistou, até , uma lugar na história dos grafitti, já que a mais antiga fotojornalista a documentar a evolução da arte urbana, Martha Cooper, quis conhecê-la quando esteve em Portugal porque nunca tinha estado com uma grafiter que tivesse começado tão tarde.
Recorde a reportagem da VISÃO sobre a avó que desenhava bruxas nas paredes.