Envolvi-me com um rapaz há três meses e temos saído algumas vezes, mas não é nada oficial. Não temos nenhuma relação a sério. Sempre senti que ele estava mais entusiasmado com a relação do que eu, mas achei que essa era um bom princípio para não me magoar.
Entretanto, tive um envolvimento fugaz com outra pessoa que me fez ver que o que tenho com esse rapaz é melhor do que eu pensava, mais romântico e honesto. Mas se me envolvi com outra pessoa é porque ele não me preenche, certo? Será que lhe devo contar o que aconteceu e esperar que ele decida se quer continuar?
Esperar que alguém decida por si numa situação de ambivalência, que é aquela em que parece estar, leva-me a questioná-la sobre o que espera de um encontro amoroso. O sexo casual (desde que seguro) e os encontros sem compromisso afetivo (desde que consensuais), com uma intenção lúdica e /ou experimental, podem correr bem em certo tipo de contexto, muitas das vezes com carácter temporário (no inicio da vida adulta, por ocasião de uma mudança de cidade ou país, após uma separação, ou por outros motivos, que cada um tomará como válidos, ao decidir avançar por essa opção).
Se estiver a atravessar uma fase exploratória, ou num período de transição, é natural que vá ensaiando a sua forma de estar (tomar contacto com necessidades e desejos seus) através dos envolvimentos que refere. Porém, o “não ser sério”, o “nada oficial”, o “envolvimento fugaz” e o estar menos entusiasmada que o outro “para não se magoar”, sugerem muitas reservas ou defesas da sua parte, que merecem ser analisadas. Ou seja, talvez esteja na altura de procurar perceber melhor, dentro de si, o que a leva a questionar uma situação quando está noutra – aparentemente, serão ambas clandestinas – como se tivesse sempre que estar no papel de observadora, e não de protagonista.
Independentemente de contar, ou não, a quem de direito, “o que aconteceu”, importa perceber “porque” aconteceu e qual o seu papel nesses acontecimentos, a saber:
– O que sente pela pessoa com quem tem mantido contacto (se é apenas por não querer estar sozinha, por exemplo, embora o esteja, de algum modo, nessa situação)?
– O que a leva a testar outro alguém, que embora “mais romântico e honesto”, não é elegível para si, como opção? (Será o outro desonesto? Há falta de honestidade na sua vida?)
Arrumar ideias acerca disto é prioritário, face a qualquer outra decisão. Fazer um exame de consciência não é fácil, mas pode facilitar a sua vida, nos próximos tempos. Senão conseguir fazê-lo sozinha (desconheço a sua história de vida e os eventuais “assuntos inacabados” que possam interferir na situação actual), procure ajuda profissional, através de uma consulta de aconselhamento. Até que ponto está disponível para um envolvimento sério (e se não está, o que pode estar a impedi-la) parece-me ser a questão central.