“Eu não quero receber medalhas, quero justiça na economia, justiça na repartição da riqueza criada, quero emprego com direitos para gerar essa riqueza, quero que a dignidade do homem seja mais valorizada do que os mercados, quero que o interesse coletivo e o bem comum tenham mais força que os interesses de meia dúzia de privilegiados.” Foi em tom aguerrido que o assistente social da junta de freguesia de Campanhã, José António Pinto, 48 anos, se dirigiu ao Parlamento, depois de ser agraciado com uma medalha comemorativa do 50.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Chalana, como é conhecido entre os amigos, aproveitou para lembrar os 120 mil portugueses que deixaram o País no ano passado, as 500 mil crianças que deixaram de receber abono de família, os 149 mil jovens que estão no desemprego e os idosos com reformas miseráveis.
O colunista da VISÃO Solidária insistiu, várias vezes, que trocava a medalha que lhe foi entregue por “um outro modelo de desenvolvimento económico que dê igualdade de oportunidades a todos”. E apelou aos deputados para que as leis aprovadas não causem mais estragos “na vida daqueles que, por terem deixado de dar lucro, são, agora, considerados descartáveis”.
A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, também foi visada no discurso de José António Pinto que disse ambicionar que “os cidadãos deste país protestem livremente e de forma legítima dentro desta casa e que ao reivindicarem os seus direitos por uma vida melhor não sejam expulsos pela polícia das galerias deste Parlamento”.
Os outros premiados são a Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social (Fenacerci) e o jovem afegão Farid Walizadeh, 16 anos, que fugiu do seu país e se tornou campeão de boxe em Portugal (uma história que pode ler na edição desta semana da revista VISÃO).
Leia o perfil de
José António Pinto e as suas
crónicas na VISÃO Solidária.