A organização, composta por jovens entre os 18 e os 30 anos, ficou contente com o resultado do concerto da passada sexta-feira. “O balanço foi muito positivo, principalmente porque não tínhamos experiência com eventos tão grandes. Angariámos cerca de mil euros e, neste momento, isto é muito importante porque estamos quase a fechar o ano”, explica Nuno Silva, 26 anos, membro da direção da Equipa d’África.
Fechar o ano significa que estão quase de partida para pôr mãos à obra, tanto em Portugal como em Moçambique. O objectivo é melhorar as condições de vida das populações locais, em áreas como a cooperação social e pedagógica.
A Equipa d’África, fundada em 1998, prepara-se para levar voluntários para a Moçambique no mês de julho. Para além de vendas de artesanato, ainda vão organizar um jantar de gala, a 14 de junho, na Associação Comercial de Lisboa.
Cantores solidários
Filipe Pinto (vencedor da edição de 2009 do concurso Ídolos), Joana Espadinha (jazz) e o Trio de Francisco Brito (jazz) foram os artistas convidados que aceitaram unir-se à causa e ajudar a organização não-governamental.
“Costumo ter atenção às causas que apoio. Analiso-as sempre para ver se me identifico com elas”, conta Filipe Pinto, a último a subir ao palco. O cantor fez uma escolha especial das músicas, para as adequar à noite, sem esquecer o seu single, “Insónia”, que o público acompanhou. “Já fiz voluntariado e sei que é importante apoiar estas causas. É bom ver jovens à frente destas ONG”, conta.
Joana Espadinha também recebeu o mesmo convite e resolveu aceitar por sentir uma ligação especial a projetos do género: “Tenho uma irmã que fez voluntariado em Moçambique durante um ano por isso tenho uma empatia especial”. Quanto a fazer ela própria voluntariado internacional, a opção não está afastada: “Tenho um pouco de medo… Mas quem sabe?”.
Uma plateia para todos os gostos
Os espanhóis Paula Martinez de Yugo e Naeho Cabada estão a passar férias em Portugal. Saíam do hotel, no Marquês do Pombal, quando ouviram o concerto e resolveram entrar. “Não sabíamos que ia acontecer, mas gostámos do ambiente e resolvemos entrar. Estamos a gostar muito e o projeto é muito interessante!”, afirma Paula.
Já a presença Ana Amaral, de 22 anos, não é casual. Tem amigos na organização e é habitual participar em eventos do grupo. “Acho importante apoiar projetos como este, com tantos jovens empenhados em ajudar. Também é interessante que não se concentrem só em África, mas também nas pessoas carenciadas de cá”, diz.
Voluntariado internacional
Francisco Neves tem 22 anos e há dois que andava à procura de um projeto de voluntariado internacional, quando conheceu a ONG portuguesa. “A Equipa d’África serve para formar os voluntários ao longo do ano”, explica. Os trabalhos começam em novembro, com a angariação de fundos, e durante o verão os voluntários distribuem-se por projetos em Portugal e em Moçambique.
O finalista de gestão e engenharia industrial não é católico e conta que no início lhe fazia um pouco de confusão a ligação da organização à religião. “Temos noites de oração e um género de conversas a que eu não estava habituado”, diz. Mas foi-se habituando e em agosto de 2011 partiu para o norte de Moçambique, durante dois meses.
Em Macomia estava integrado numa congregação de irmãs missionárias e ajudava num lar com 140 crianças e jovens. “Foi fantástico, fez-me sentir útil e cumpriu todas as minhas espectativas. Os clichés são todos verdade. Pude ajudar e conhecer uma nova cultura”, conta.
Para além de dar aulas de alfabetização para emigrantes, na Damaia, Francisco já foi duas vezes para Moçambique e, este ano, candidatou-se a ficar em Portugal. Onde quer que vá, o que mais o comove são as pessoas: “Conhecer os missionários foi impressionante, são um tipo de pessoa completamente diferente. São o maior exemplo que se pode ter, abdicaram das suas vidas para ajudar”.