O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), António Nunes, defende a constituição de uma comissão técnica independente para investigar o acidente com um veículo de combate a incêndios em Odemira, na passada quarta-feira, que provocou a morte a um bombeiro.
“Numa situação destas e com algum alarme que está a ser criado, talvez valha a pena repensar se não deve ser uma comissão técnica independente exterior ao proprietário da viatura, que é a ANEPC [Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil]”, a elaborar o inquérito ao acidente”, afirmou o responsável, que falava à à agência Lusa em Odemira, no distrito de Beja, à margem do velório do bombeiro Dinis Conceição.
Lembrando que a ANEPC já levantou um inquérito, o presidente da LBP sublinhou que essa investigação é feita pela “entidade proprietária do veículo, pela entidade que criou o caderno de encargos para a sua compra e pela entidade que o rececionou”. “Não tenho nenhuma dúvida da independência que possa estar sobre os inspetores que estão a fazer a auditoria, mas gostaríamos talvez de ver a situação, já que há comissões técnicas independentes para outras situações”.
É “uma situação de dúvida cada vez mais crescente” e, com uma comissão independente a investigar as causas, “talvez houvesse a garantia de que as conclusões não iriam sofrer qualquer tipo de interrogações”, insistiu António Nunes.
“Podemos correr o risco de outras associações, se se mantiver esta pressão, quer nas redes sociais, quer até na comunicação social, colocarem em dúvida a segurança do veículo”, alertou ainda, à Lusa, já que o lote a que pertencia a viatura acidentada tinha no total 57 carros.
Segundo o responsável, a LPB tem registo de 255 bombeiros mortos em serviço desde 1980, o que representa “um número bastante elevado, que não tem comparação com mais nenhuma força de segurança”.
O despiste do veículo desta corporação alentejana aconteceu na quarta-feira à noite, na estrada municipal que liga Boavista dos Pinheiros a Saboia, em Odemira, deixando cinco bombeiros feridos, entre os 37 e os 43 anos, dos quais quatro graves e um ligeiro. O bombeiro Dinis Conceição, de 38 anos, foi helitransportado para o Hospital de São José, em Lisboa, mas acabou por morrer na sexta-feira. Dois bombeiros continuam internados, um no Hospital de Portimão e o outro no de Santa Maria, em Lisboa, enquanto os outros dois já tiveram alta hospitalar.