Rúben Oliveira, conhecido como “Xuxas, foi, esta sexta-feira, condenado a 20 anos de prisão. Considerado o principal narcotraficante português, “Xuxas” estava acusado de liderar uma organização criminosa, desde 2019, que se dedicava a introduzir toneladas de cocaína provenientes da América do Sul, através de portos marítimos portugueses e do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
O coletivo de juízes, presidido pela juíza Filipa Araújo, considerou que “era o arguido Rúben Oliveira quem coordenava de forma diretas as operações” ligadas ao narcotráfico. O tribunal condenou “Xuxas” a 12 anos de prisão pelo crime de tráfico de droga, 15 anos por associação criminosa e quatro anos e meio por branqueamento de capitais, o que se traduziu num cúmulo jurídico de 20 anos de cadeia (o tribunal teve em consideração que o arguido não tinha antecedentes criminais).
Dércio Oliveira, irmão de “Xuxas”, foi condenado a 13 anos de cadeia. Ricardo Macedo, cunhado e braço-direito de Rúben Oliveira, recebeu a mesma pena. José Afonso, conhecido como “Xulinhas”, que planeava a compra e venda de cocaína com fornecedores brasileiros, foi condenado a 15 anos de prisão.
O arguido Luís Firmino, responsável por adquirir e entregar telemóveis encriptados aos membros da organização e de transportar cocaína no interior de veículos, foi condenado a 10 anos de prisão. José Cabral foi condenado a 10 anos e quatro meses e Luís Ferreira, que acompanhava o transporte e armazenamento da droga, a 10 anos e seis meses. Punil Narotamo, primo de “Xuxas”, que foi funcionário da Portway, empresa de handling, entre 2014 e 2020, e mantinha acesso aos aviões no aeroporto Humberto Delgado, foi condenado a 12 anos. Vasco Soeiro, que também fazia parte da organização, apanhou 10 anos de cadeira.
António Freitas, licenciado em Direito, considerado o “cérebro” por trás do esquema de branqueamento dos capitais do narcotráfico – através de duas empresas – foi condenado a três anos e seis meses de pena suspensa. O tribunal condenou ainda a mulher de Rúben Oliveira, Carla Paradela, a dois anos de prisão, com pena suspensa, também pelo crime de branqueamento de capitais.
O império de “Xuxas”
O tribunal deu como provado que Rúben Oliveira liderava uma organização criminosa que se dedicava a introduzir cocaína em Portugal, através de empresas importadoras de frutas e de outros bens alimentares e não alimentares, fazendo uso de contentores marítimos. A droga também entrava em território nacional em malas de viagem, por via aérea, desde o Brasil até Portugal.
Dessas ligações faria parte Sérgio Roberto de Carvalho, um narcotraficante conhecido como o “Escobar brasileiro”, atualmente detido na Bélgica. Em tribunal, a juíza disse que Rúben Oliveira teria contactos com o Comando Vermelho, uma organização criminosa do Brasil.
“Xuxas” tinha sido detido pela Polícia Judiciária no dia 24 de junho de 2022, depois de ter regressado a Portugal (vivia no Dubai, Emirados Árabes Unidos). A detenção foi feita no bairro dos Olivais, em Lisboa, onde nasceu e cresceu, quando ali se deslocara para visitar familiares e amigos, antes de voltar para a segurança do Médio Oriente. Nas ruas onde tudo começou, Rúben Oliveira seria travado, deitado no chão de cimento, com o rosto colado ao chão e, finalmente, algemado com as mãos atrás das costas, num momento que seria filmado, por uma testemunha, a partir de uma varanda de um prédio vizinho, e se tornaria viral nas redes sociais.
Desde essa data, que “Xuxas” permanece detido na cadeia de alta segurança de Monsanto, com direito a vigilância apertada dos guardas prisionais. Agora, já sabe que vai continuar na cela.