Embriaguez, bebedeira, pifo, carraspana, borracheira, ebriedade, enfrascanço, tosga, bezana, narsa. Há várias formas de o designar, assim como existem múltiplas maneiras de o experimentar, mas o conceito é sempre o mesmo e acompanha-nos desde os primórdios da Humanidade. Segundo a hipótese do macaco bêbado, aliás, o apreço pelo álcool remonta aos nossos antepassados primatas, quando há cerca de dez milhões de anos eles ousaram descer das árvores para saborear a fruta madura caída no chão, atraídos pelo sabor adocicado e já com um travo a etanol. Não demoraria até adquirirem uma mutação genética altamente facilitadora da metabolização do álcool.
A teoria, proposta pelo biólogo evolucionista Robert Dudley no arranque deste século, tem vindo a ganhar adeptos na comunidade científica e é ponto de partida para o escritor e jornalista britânico Mark Forsyth nos levar por caminhos da História inseparáveis de elevados teores de álcool no sangue. Em Breve História da Bebedeira, livro de 2017 recentemente editado em língua portuguesa (Casa das Letras, 259 págs.), o autor traça um retrato da relação sempre próxima dos humanos com as bebidas alcoólicas: dos grandes festins no Antigo Egito, que se estivéssemos em televisão exigiriam bolinha vermelha no canto do ecrã, às penas de morte cruéis dos astecas, passando pela colonização da América e da Austrália.