Luis Macias Nieto acabara de regressar à Colômbia natal, depois de quase quatro anos fechado em prisões no estrangeiro. Aos 75 anos, acreditava ter entrado na tranquilidade de uma reforma dourada, após uma carreira ligada ao narcotráfico. Descrito como um homem “afável” e “emocionalmente inteligente”, El Doctor, como também é conhecido, reagiu com surpresa contida à ordem de prisão da polícia colombiana, que, numa manhã primaveril de maio de 2022, foi buscá-lo a casa para cumprir uma pena pendente, há mais de uma década, que os tribunais portugueses, a cerca de oito mil quilómetros de distância, decretaram. Macias Nieto era já um homem adulto quando Pablo Escobar, o grande “narco” daquele país, fizera tremer a Colômbia, apenas para escapar à extradição para os Estados Unidos da América (ver caixa O pesadelo de Pablo Escobar). Desta vez, era ele o visado.
No passado dia 7 de março, quase 22 meses depois daquela detenção, três inspetores da Polícia Judiciária (PJ) regressavam a Lisboa com Macias Nieto algemado. Hoje, com 77 anos, aquele que é considerado um dos principais narcotraficantes da Colômbia vai cumprir em território nacional o resto da pena de 11 anos de prisão a que foi condenado no Tribunal de Almada pelo crime de tráfico de estupefacientes agravado. A pena seria mais tarde confirmada pelo Tribunal da Relação de Lisboa, pelo Supremo Tribunal de Justiça e pelo Tribunal Constitucional.