Na ação judicial apresentada na terça-feira (dia 1 de agosto) no Tribunal Superior de Los Angeles, as ex-bailarinas de Lizzo Arianna Davis, Crystal Williams e Noelle Rodriguez alegam terem sido submetidas a um ambiente de trabalho “sexualmente carregado e desconfortável” e a situações de assédio que tornaram as suas condições de emprego “intoleráveis”.
Segundo o processo, a que a revista Rolling Stone teve acesso, são arguidas Lizzo, a sua empresa de produção e a sua líder da equipa de dança, Shirlene Quigley.
As ex-dançarinas queixam-se de comentários relativos ao seu peso, “carregados de animosidade racial e gordofóbica”.
Arianna Davis, uma das queixosas, alega no processo que, em fevereiro de 2023, durante uma paragem feita em Amesterdão, foi convidada, juntamente com outra queixosa, para uma saída à noite com Lizzo, que acabou num bar de striptease, onde Davis terá sido pressionada para tocar nos seios de uma das strippers.
Segundo o processo, as bailarinas foram sujeitas a uma nova audição após terem sido acusadas de beber antes das atuações e de não terem “atuado à altura” e Arianna Davis, que alega sofrer de ansiedade devido à preocupação de perder o seu trabalho, conta que teve de suportar um ensaio “brutal” de oito horas, sem ir à casa de banho.
Davis afirma também que foi despedida por ter gravado uma reunião, na qual não conseguiu estar presente devido a um probelma de visão. Alegadamente, depois da reunião, Lizzo pediu aos seus seguranças para confiscarem os telemóveis das bailarinas. “Lizzo ficou furiosa, lançando palavrões contra o grupo e declarou que ia dar a volta à sala, pessoa a pessoa, até que alguém dissesse a Lizzo quem tinha feito a gravação”, afirma o processo.
“Quigley e Lizzo revezaram-se a repreender Davis”, alega o processo. “Depois de castigar Davis, Lizzo despediu-a no local.”
Após a reunião, Noelle Rodriguez comunicou à cantora que se sentiu desrespeitada e que se ia demitir.
Já Crystal Williams foi despedida pouco tempo depois do incidente, devido a “cortes orçamentais”, mas a queixosa afirma no processo que o seu despedimento ocorreu após ter constestado as afirmações de Lizzo de que as bailarinas bebiam antes das atuações.
A líder da equipa de dança de Lizzo, Shirlene Quigley, também é acusada de alegadamente tentar mudar as crenças religiosas das dançarinas, de partilhar fantasias sexuais obscenas e de discutir em público a virgindade de uma das queixosas.
Consta no processo que Quigley “fez comentários que ridicularizavam as pessoas que praticavam sexo antes do casamento”. “Quigley também tinha um truque de festa em que simulava sexo oral numa banana à frente do resto do elenco de dança. Estas situações eram sempre inesperadas e deixavam os queixosos pouco à vontade”, lê-se.
Para Ron Zambrano, advogado das queixosas, “a natureza impressionante da forma como Lizzo e a sua equipa de gestão trataram os seus artistas parece ir contra tudo o que Lizzo defende publicamente”.
A cantora construiu a sua marca em torno de mensagens de amor próprio, positivismo corporal e aceitação, falando abertamente de questões como o direito ao aborto, a discriminação contra as pessoas transgénero e o racismo na indústria musical. Na semana passada, um vídeo de um dos concertos de Lizzo tornou-se viral depois de a cantora ter levado ao palco uma jovem fã australiana que confessou ser vítima de bullying na internet. “As palavras que dizemos têm um efeito duradouro nas pessoas”, respondeu Lizzo à fã.
As queixosas pedem um montante não especificado em indemnizações, salários não pagos, perda de rendimentos, compensação diferida e outros benefícios laborais, incluindo danos gerais. Pedem também indemnizações especiais relativas despesas médicas e honorários de advogados.