“A árvore está contaminada e, portanto, mais do que a poda que o senhor Presidente da República recomenda, o que nós precisamos no país é de uma árvore nova”, disse hoje Rui Rocha na sede nacional da IL, no Porto, em reação ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa.
Hoje, no seu discurso na cerimónia militar do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no Peso da Régua (distrito de Vila Real), o Presidente da República considerou necessário “cortar os ramos mortos que atingem a árvore toda”, advertindo que, só se não se quiser, é que “Portugal não será eterno”.
Rui Rocha interpretou as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa entendendo os “ramos que é preciso cortar como ministros”, na “metáfora que o senhor Presidente da República quis fazer”, questionando, além da permanência no Governo do ministro das Infraestruturas, João Galamba, também a da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, ou do ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.
“Há vários ramos deste Governo que são ramos que não têm viabilidade, já mostraram que não têm condições para estar no Governo”, defendeu.
No entender do líder liberal, o necessário é uma nova ‘árvore’ “que devolva confiança aos portugueses, que traga transparência, que traga crescimento económico, que traga oportunidades para os portugueses e que possa, portanto, reverter este ciclo de degradação, de decadência, em que o país está mergulhado”.
Continuando nas referências à botânica, Rui Rocha considerou ainda “o PS e o seu Governo” uma “espécie de erva daninha que ocupa tudo à sua volta”, como o aparelho de Estado, a justiça ou os reguladores económicos.
Questionado acerca das vaias de que o ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi hoje alvo no Peso da Régua, o líder liberal considerou que o governante “está a ser utilizado pelo primeiro-ministro para fazer uma provocação” ao Presidente da República e ao país.
Para Rui Rocha, os portugueses “responderam hoje, de forma ruidosa, a essa provocação”.
“O primeiro-ministro tem uma maioria absoluta, considera que isso lhe dá poder absoluto, não ouve ninguém, não ouve a oposição, não ouve o Presidente da República, não ouve os portugueses”, considerou.
O também deputado disse ser necessário “chegar à conclusão de que já não são os ramos que são o problema”, a “impedir Portugal de crescer como podia e devia” ou a “contribuir negativamente para o desenvolvimento do país”, mas sim “a pessoa que é comum a isto tudo, que é o primeiro-ministro”, António Costa.
Sobre o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Rocha disse ainda que a IL “concorda” com “o diagnóstico” feito pelo chefe de Estado quanto a, por vezes, “haver mais razões para sair do que para ficar” no país, à pobreza e à “incapacidade do país gerar crescimento”.
JE (TA/SPC) // JPS