O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou hoje que os portugueses residentes na África do Sul querem ficar no país e ter um futuro com segurança, mensagem que prometeu levar ao seu homólogo sul-africano.
Marcelo Rebelo de Sousa, que chegou hoje à África do Sul para as comemorações do Dia de Portugal, falava na Cidade do Cabo, num encontro com centenas de portugueses e lusodescendentes na Associação Portuguesa do Cabo da Boa Esperança.
Num discurso, o chefe de Estado referiu-se à preocupação dos emigrantes na África do Sul com a ausência de uma ligação aérea direta a Portugal: “Como eu compreendo, fui hoje dar a volta ao Dubai para chegar aqui, não se pode dizer que seja a linha reta”.
“Vai-se para leste para depois vir para o sul. Convinha ser mais direto”, considerou.
O Presidente da República, que seguirá ainda hoje à noite para Pretória, antecipou algumas das mensagens que tenciona transmitir ao seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, na terça-feira de manhã: “Eu vou dizer, em relação às nossas comunidades o seguinte: que nós temos a agradecer à África do Sul, desde sempre, o ser a potência que é”.
“Nós esperamos que saiba sempre compreender e aceitar também a potência que é Portugal e a potência que são as nossas comunidades aqui”, acrescentou, descrevendo Portugal como “uma potência, na língua, na cultura, nas comunidades e no papel das Forças Armadas”.
Marcelo Rebelo de Sousa prometeu dizer ao Presidente da África do Sul “que esta comunidade quer ficar cá, vai ficar cá e quer ter futuro cá”.
“Nós queremos que haja esse futuro, um futuro com condições económicas, sociais e segurança. Queremos isso. E queremos reforçar as relações com a África do Sul, bilaterais, isso é muito importante. E o vosso papel é decisivo”, acrescentou.
Há quase 30 anos que a Cidade do Cabo não recebia a visita de um presidente português. O último foi Mário Soares, em novembro de 1995, quando realizou uma visita de Estado à África do Sul, que começou em Pretória e terminou em Durban, a convite do então Presidente sul-africano, Nelson Mandela.
Após o seu discurso, o chefe de Estado condecorou a Associação Portuguesa do Cabo da Boa Esperança, o professor Tulio de Oliveira, que trabalhou na identificação das variantes Delta e Omicron do vírus da covid-19, e John Vieira, cônsul honorário de Portugal em Port Elizabeth.
Acompanharam Marcelo Rebelo de Sousa na Cidade do Cabo o embaixador de Portugal em Pretória, a ministra da Defesa, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, deputados do PS, PSD, Chega, Iniciativa Liberal e PCP, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, o chefe do Estado-Maior da Armada e o presidente do Governo Regional da Madeira.
Desta vez, as comemorações do Dia de Portugal começam no estrangeiro e terminam em Portugal, no Peso da Régua, distrito de Vila Real, onde terá lugar a cerimónia militar do 10 de Junho.
A comitiva do Presidente da República na África do Sul inclui também o presidente da comissão organizadora das comemorações do Dia de Portugal, o enólogo João Nicolau de Almeida, que discursou perante os emigrantes na Cidade do Cabo, perante os quais declarou: “O Douro está a bombar, venham lá ver, que vale a pena”.
As inscrições consulares de portugueses na África do Sul são em redor de cem mil. Quanto ao número total de população portuguesa residente neste país, há estimativas díspares, que variam entre 200 mil e 450 mil, incluindo lusodescendentes.
Grande parte desta população emigrante tem origem madeirense. Muitos portugueses foram das antigas colónias de Angola e Moçambique para a África do Sul.
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