A Câmara Municipal de Grândola decidiu corroborar todos os atos de licenciamentos praticados, entre 2008 e 2011, que permitiram a Ricardo Salgado erguer uma casa com mais de 400 metros quadrados sobre as dunas da Praia do Pego, no Carvalhal, que o Ministério Público quer ver demolida pelo Estado, por estarem em causa, alegadamente, várias violações de leis de proteção ambiental e ordenamento do território. Apesar de aquelas autorizações terem sido dadas pelo então poder socialista da autarquia, liderada por Carlos Beato, o atual presidente da câmara, o comunista António Figueira Mendes, subscreveu-as e até lhes deu substância, na contestação que o município fez chegar ao Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Beja.
Mesmo diante do facto de Salgado ter triplicado a área edificada que já existia, numa zona sensível mas muito ambicionada junto à costa da Comporta-Galé, para a autarquia grandolense o ex-banqueiro nada mais fez do que reabilitar o casario antigo. E, em sua defesa, a câmara chega a questionar a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), que detetou aquele cenário em 2015 e enviou um relatório à Procuradoria-Geral da República (PGR), se era preferível, em vez de tal obra, deixar ao abandono o que lá existia.