O avião da China Eastern Airlines que se despenhou na segunda-feira, 21, demorou apenas 72 segundos a cair 6,6 quilómetros, uma queda vertiginosa praticamente na vertical. De uma altitude de 8870 metros, quando voava a quase 850 km/h, o Boeing 737-800 desceu para os 2263 metros em pouco mais de um minuto. Enquanto seguia descontrolado em direção ao solo, foram registadas velocidades na ordem dos 550 km/h.
Os dados são do website Flightradar24, que monitoriza todos os voos em tempo real, e sugerem que algo de muito grave – e estranho – se passou sensivelmente a meio da viagem entre as cidades chinesas de Kunming, no sudoeste do país, e de Guangzhou, no sul. Senão vejamos: a 2263 metros do solo, o avião conseguiu inverter a trajetória descendente e recuperar altitude durante dez segundos (358 metros), para depois voltar a cair a pique.
O Flightradar24 perdeu o sinal do aparelho quando este seguia a uma altitude de cerca de um quilómetro, mas uma câmara de vigilância captou os momentos finais do voo e é possível ver como o Boeing se desloca com o “nariz” virado para o chão.
Ainda não há explicações oficiais sobre o que poderá ter estado na origem do acidente, que vitimou as 132 pessoas a bordo. Uma das caixas negras – a que regista as comunicações no cockpit – já foi encontrada e está a ser analisada, enquanto prosseguem as buscas para encontrar a outra – que pode ajudar a perceber se houve falha mecânica, por exemplo.
Intrigados com os contornos da tragédia, os especialistas avançam com possibilidades que vão da avaria à sabotagem, que poderia passar por uma manobra premeditada de um dos pilotos, o que não seria inédito. A propósito desta hipótese, um porta-voz da companhia China Eastern Airlines afirmou que os três pilotos tinham uma vida familiar estável.
Segundo as autoridades chinesas, a torre de controlo tentou entrar em contacto com os pilotos quando o avião começou a perder altitude, mas nunca obteve resposta. Enquanto a comunicação se manteve aberta, nunca foi reportado qualquer problema com a aeronave. O Boeing tinha seis anos de vida e a China garante que tinha passado nos testes de segurança e manutenção. Caiu perto da cidade de Wuzhou, na região autónoma de Guangxi, naquele que foi o maior acidente aéreo no país em muitos anos.