Um recente estudo da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, aponta para o efeito benéfico dos prebióticos no ritmo circadiano, sobretudo quando o objetivo é recuperar do jet lag ou de uma mudança de turno no trabalho. Em causa está o impacto que estes hidratos de carbono não digeríveis têm no microbiota intestinal e, por consequência, no cérebro.
Publicado na revista Brain, Behavior and Immunity, o estudo norte-americano prova que alimentos como a cebola e o alho não só promovem e estabilizam as bactérias boas que estão presentes nos intestino, como tornam o corpo humano mais resistente às perturbações circadianas. Estes alimentos apresentam ainda um efeito benéfico no cérebro, sobretudo na regulação do estado de sono-vigília.
Para o estudo, os cientistas alimentaram dois grupos de ratinhos de forma diferente ao longo de cinco: um dos grupos recebeu uma dieta normal, o outro teve um reforço nutricional com prebióticos, mais concretamente com galacto-oligossacarídeos (presente na cebola, por exemplo) e polidextrose (fibra dietética solúvel). Após as cinco semanas de mudança alimentar, os animais foram ainda sujeitos a mudanças semanais de horário na ordem das 12 horas durante oito semanas.
Passado o período de análise, os cientistas notaram que os ratos que comeram prebióticos foram mais céleres a regular os seus ciclos de sono-vigília e a temperatura corporal central, assim como foram mais capazes de resistir às alterações na flora intestinal, comuns a estados de stress e mudança de rotinas.
De acordo com os investigadores, um dos aspetos mais surpreendentes deste estudo é o facto de finalmente se ter percebido o papel do microbiota intestinal no ritmo circadiano, visto que os animais que tinham prebióticos na sua alimentação hospedavam uma abundância de várias bactérias promotoras da saúde, incluindo Ruminiclostridium 5 e Parabacteroides distasonis, escreve o Science Daily. Tais bactérias boas, por seu turno, produzem metabólitos que protegeram o corpo dos efeitos do jet lag.
“Estes resultados sugerem que a ingestão de substratos prebióticos é uma estratégia eficaz para aumentar a abundância relativa de micróbios promotores de saúde, alterar o perfil de ácidos biliares fecais e facilitar a recuperação e o realinhamento do sono e dos ritmos diurnos após a interrupção circadiana”, lê-se no estudo.