Em Singapura, na Malásia, já começaram a ser testados dois robôs autónomos de patrulha, durante três semanas, que vão detetar maus comportamentos dos cidadãos, como o desrespeito das medidas de segurança impostas no contexto da pandemia de Covid-19, o estacionamento de bicicletas em áreas impróprias e o tabagismo em áreas proibidas, por exemplo
De acordo com a Home Team Science and Technology Agency de Singapura, os robôs Xavier estão a operar no centro da cidade, onde há mais movimento, tendo sido equipados com câmaras que detetam os comportamentos desrespeitosos e que, posteriormente, enviam alertas em tempo real para o centro de comando e controlo. Além disso, também exibem mensagens para educar o público sobre os comportamentos que devem ser adotados e os que devem ser evitados.
“O destacamento dos Xavier apoiará o trabalho dos funcionários públicos, uma vez que reduzirá a mão-de-obra necessária para as patrulhas a pé e melhorará a eficiência do funcionamento”, disse a agência, citada pela Reuters.
Mas podem, efetivamente,os robôs ajudar a manter-nos seguros?
Com os avanços das últimas décadas em vários ramos da tecnologia, os investigadores têm conseguido criar peças mecânicas mais leves, sensores mais baratos e melhores e computadores mais pequenos e mais sofisticados, por exemplo. Em conjunto com esses progressos, têm vindo também a testar como é que as novas tecnologias podem ser incorporadas nos robôs. Agora, esta tecnologia está a tornar-se cada vez comum e começa a ser requisitada em múltiplas indústrias tais como a segurança, automóvel, agricultura e indústria de eletrodomésticos.
Na Carnegie Mellon University, na cidade de Pittsburgh, nos EUA, a investigadora portuguesa Manuela Veloso, em conjunto com a sua equipa, tem criado robôs colaborativos, os CoBots que estão a montar carros, a fazer colheitas, e a aspirar o seu chão, e quer provar como eles podem ajudar os humanos ao invés de competir com eles, como muitas pessoas acham.
A pandemia do coronavírus também fez com fossem desenvolvidos mais robôs com novos papéis: em dezembro de 2020, foi criado um robô que desinfeta locais como hotéis e restaurantes através da utilização de raios ultravioleta e há outros, como o que estão a ser utilizados em Singapura, que foram treinados para monitorizar espaços públicos de forma a verificar as medidas de segurança, como o distanciamento social, e a lembrar as pessoas das melhores práticas para evitar a contaminação.
Também William “Bill” Santana Li, antigo executivo da Ford Motor Company, que fundou a Knightscope em 2013, uma empresa que constrói robôs de segurança autónomos, acredita que esta tecnologia autónoma é uma oportunidade única para apoiar a lei e a segurança privada. “Todos estamos a tentar ir primeiro a plutão sem talvez considerar primeiro parar na Lua”, sublinhou, citado pelo National Geographic.
Os robôs Knightscope de 1,80 m de altura detetam pessoas, gravam, leem matrículas e sinalizam riscos de incêndio, entre outras tarefas – incluindo a monitorização das práticas de saúde pública, com o objetivo de complementar e não substituir as pessoas no terreno. “A ideia é que as máquinas façam um trabalho monótono e computacionalmente pesado e que os humanos façam o trabalho estratégico e decisório”, destacou Li, realçando que, embora haja muitos milhões de pessoas empregadas como polícias e guardas de segurança, não podem possivelmente proteger toda a gente e toda a ajuda deve ser bem-vinda.
Atualmente, estes robôs patrulham campus corporativos, centros comerciais, hospitais e outros locais públicos. Quando o departamento de polícia de Huntington Park, na Califórnia, implantou um dos robôs de segurança ao livre da empresa em 2019, os relatórios de crimes diminuíram 46% e as detenções aumentaram 27%.
“As máquinas estão aqui, e vieram aqui para ficar, (…) para ajudar os humanos”, destacou Li, salientando a importância de mostrar ao mundo como os robôs devem ser vistos: como uma presença amigável e como uma forma tornar o mundo mais seguro.
Na lista de novidades apresentadas na CES 2021 – feira tecnológica anual que apresenta as novidades desse ano nessa área – foram também apresentados alguns projetos de robôs, um que ajuda na aprendizagem escolar em casa e outro que limpa as piscinas.