Internautas tentam mandar a baixo site que incentiva a denuncia de casos que violem a nova lei do aborto aprovada no Texas. A ideia surgiu no TikTok e no Reddit, com várias publicações a incentivar que fossem enviados para o site falsas denuncias, memes do Shrek e até pornografia.
A nova lei do aborto no Texas foi aprovada na última quarta-feira, 1, e impede que o aborto seja realizado depois de ser detetado o batimento cardíaco no embrião, o que ocorre na sexta semana de gestação.
Esta alteração na lei tem sido alvo de várias críticas, sendo apontada como uma forma de impedir que as mulheres interrompam voluntariamente a gravidez, uma vez que, antes da sexta semana de gestação, a mulher ainda se encontra numa fase bastante inicial da gravidez e muitas ainda nem sabem que estão grávidas. Além disso, há mulheres que não rastreiam os seus ciclos menstruais, ou que têm ciclos irregulares.
Os médicos apontam a quarta semana da gestação para a altura em que as mulheres percebem que não têm menstruação, restando-lhes apenas duas semanas para confirmar se estão grávidas e tomarem uma decisão.
Para ajudar a reforçar a lei, a organização cristã Texas Right to Life, que se define a “favor da vida” e, como tal, anti-aborto, criou um site com o nome Prolifewhistleblower, para que as pessoas pudessem enviar denúncias anónimas de casos que não cumprissem a alteração na lei, isto é, que terminassem a gravidez após as 6 semanas de gestação.
“Qualquer texano pode começar um processo contra alguém que tenha abortado ou incentivado a abortar antes das seis semanas”, pode ler-se no site. Refere ainda que quem viole a lei pode ser multado no valor de 10 mil dólares (8 mil euros).
Para apresentar uma denúncia, era apenas preciso preencher um formulário no site, que incluía uma secção onde era possível carregar imagens ou vídeos para serem usadas como provas. Foi aí que os utilizadores do TikTok tiveram a ideia de mandar denúncias falsas, numa tentativa de mandar o site abaixo.
Vários vídeos foram publicados nas redes sociais para incentivar esta forma de manifestação. Começou no TikTok e no Reddit, mas os vídeos já circulam pelas restantes redes sociais, incluindo o Twitter.
Houve ainda quem tivesse enviado memes pornográficos do Shrek, escrevendo mentiras como: “A minha mulher abortou o nosso bebé de quatro semanas sem me consultar”, para que se pensasse que a denúncia era séria e as imagens fossem abertas. A publicação foi entretanto removida. Segundo os meios de comunicação internacionais, vários utilizadores incentivavam também a que fosse enviada pornografia. Uma TikToker afirmou ter enviado 742 denúncias falsas dirigidas ao governador do Texas, Greg Abott.
Há ainda quem vá mais longe com a criação de bugs, que mandaram automaticamente falsas denúncias para o site. No segundo vídeo, o utilizador afirma que, com um um Python script (ficheiro que automatiza a execução de uma tarefa/programa) seriam enviadas “centenas de milhares de denúncias falsas”.
O utilizador com o nome @black_madness21, que os meios de comunicação social identificam como Sean Black, um ativista hacker, afirma ter enviado 300 denúncias falsas antes de ter sido bloqueado pelo site. De seguida, criou uma alternativa: um atalho para os dispositivos da Apple que, ao ser utilizado por outras pessoas, permite que o questionário seja automaticamente preenchido. Na sua conta deixa o atalho, juntamente com vídeos a explicar como utilizá-lo. Segundo o The Guardian, os dados de Black mostram que quase 8 mil pessoas usaram o Python script e 9 mil usaram o seu atalho para a Apple.
O site da Texas Right to Life continua ativo e, segundo o The Guardian: “aparenta estar a fazer o seu melhor para conseguir receber todo o fluxo de denúncias falsas e ataques de hackers”. Desde este ataque que removeu a opção de mandar imagens ou vídeos.