O ser humano vive, em média, 29 mil dias. Bom seria que vivêssemos estes dias na maior tranquilidade possível, sem angústias, ansiedades e stresses muitas vezes desnecessários. Traçar um “caminho para o autoconhecimento e transformação pessoal, para melhoria do nosso bem-estar” e, assim, salvaguardar o mais possível a nossa saúde mental, pode prevenir a necessidade de recorrermos, mais tarde, a toda uma gama de ansiolíticos e antidepressivos.
Pelo menos é nisto que a Fundação José Neves (FJN) acredita ao lançar uma aplicação de telemóvel, totalmente gratuita – a 29K FJN – que lhe poderá fornecer vários tipos de ferramenta de modo a que faça o seu curso de desenvolvimento pessoal, validado cientificamente (e já pode ser descarregada). “O objetivo é que se passe o melhor possível estes 29 mil dias. E não em sofrimento, com coisas que muitas vezes só dependem da nossa cabeça. Isto ajudará a que possamos olhar para o que enfrentamos num ângulo que nos penalize menos internamente”, explicou à VISÃO o presidente executivo da FJN, Carlos Oliveira.
Com conteúdos integralmente em português, para que cheguem a todos, a 29K FJN é o resultado da parceria entre a fundação e uma organização sueca que incentiva a criação de comunidades de crescimento pessoal. Os cursos disponibilizados pela aplicação são devidamente credenciados cientificamente e foram desenvolvidos por investigadores das universidades de Harvard, Londres, do Instituto sueco Karolinska e ainda pela escola de medicina da Universidade do Minho (esta, na transposição para a versão portuguesa).
Chegar ao maior número de portugueses e, assim, democratizar o acesso a ferramentas para promover o bem-estar pessoal e promover a saúde mental é mais uma área de atuação da fundação criada pelo fundador da Farfetch, José Neves, ele próprio mentor em dois vídeos que falam sobre “stress e resiliência” ou de “como lidar com a ansiedade e a preocupação em momentos de dificuldade”.
Chegar a um milhão de portugueses
“Mais tarde, teremos conteúdos direcionados para os mais jovens e até para os países de expressão portuguesa. Temos a ambição que este programa chegue a um milhão de pessoas”, adianta Carlos Oliveira. As empresas, como entidades empregadoras de milhares de pessoas, também estão na mira da FJN. Daí que já tenham um grupo de empresas aderentes, como a Galp, a Bial ou a Accenture. “Uma das formas de chegar a mais portugueses é através dos empregadores e as empresas que se juntaram a nós já representam uns milhares. É bom que estimulem os seus trabalhadores a diminuírem os seus níveis de ansiedade e a tratarem de si”.
Quando abrir a aplicação, pode ainda encontrar rostos conhecidos, como Fátima Lopes ou Catarina Furtado. Estas vão partilhar a sua experiência relativamente ao curso que fizeram e de que forma isso impactou a sua vida (e que contou com uma participação pública no evento anual). Uma forma de ajudar outros a romperam com o medo de partilharem as suas dificuldades, dado o estigma que as doenças de saúde mental ainda têm. Os cursos podem ser feitos ao ritmo de cada um. Há vídeos para reflexão ou meditação. Há partilhas de grupo para quem quiser e se sentir confortável com isso.
“Acreditamos que a próxima pandemia já cá está. É uma pandemia de saúde mental que já vinha de trás e que a covid acelerou. Somos o país da Europa que mais consome ansiolíticos, porque não falamos do assunto e achamos que é tabu. Quando as pessoas se apercebem que têm um problema destes, já só com tratamento de medicamentos”, diagnostica Carlos Oliveira. “Por acharmos que o país precisa desta ajuda é que lançamos esta aplicação e este programa baseado em ciência precisamente para alertar e para que cada um se ajude o mais cedo possível. Nós damos a ferramenta. Quem quiser usá-la terá um benefício para si e para o seu desenvolvimento pessoal, a sua estabilidade emocional e a sua saúde mental, A solução está em cada um, mas se usar bem esta aplicação, ela terá impacto”, promete o presidente executivo .