Em setembro de 2020, dois meses antes de a União Europeia assegurar a aquisição de 200 milhões de vacinas da BioNTech-Pfizer contra a Covid-19, já a Alemanha tinha um acordo com a parceria germano-americana para a compra de 30 milhões de doses. Desde o passado dia 12 de fevereiro, o programa de vacinação na Hungria passou a incluir a Sputnik V, a vacina russa que ainda não foi aprovada pelo regulador europeu dos medicamentos. Nem duas semanas depois, a chinesa Sinopharm aumentou o leque de opções no país magiar, com o Presidente Viktor Orbán a oferecer o seu braço como exemplo de confiança numa alternativa que também ainda não passou pelo crivo da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla inglesa).
A 1 de março, aterrou um avião militar na Eslováquia com 200 mil doses da Sputnik V, as primeiras de uma encomenda de um milhão. A República Checa aguarda, por estes dias, a sua primeira remessa, a Croácia já comunicou o seu interesse a Moscovo e a Polónia, de costas voltadas para a Rússia, está em negociações com a China. Noutra frente, os chefes de Governo da Áustria e da Dinamarca deslocaram-se a Israel, na semana passada, para firmar uma aliança com vista ao desenvolvimento de vacinas de segunda geração, na eventualidade de surgirem variantes do novo coronavírus resistentes às soluções iniciais.
Em tempos de corrida às vacinas, tudo isto e muito mais seria de esperar dos responsáveis políticos de cada país, não fora o caso de os 27 Estados-membros da União Europeia (EU) terem acordado, em junho, centralizar estes esforços na Comissão Europeia, de modo a evitarem competir entre si, a reduzirem custos e a permitirem que os ricos e os pobres tivessem acesso, em simultâneo, ao bem mais procurado do planeta. Ficou escrito que nenhum país poderia realizar contratos individualizados com as farmacêuticas já comprometidas ou em conversações adiantadas com a Comissão, o que já acontecia quando o Governo de Angela Merkel negociou diretamente com a BioNTech-Pfizer. No entanto, este tem sido um assunto tabu na esfera europeia. Por outro lado, nada impede a procura de vacinas alternativas fora do portefólio contratualizado pela UE, independentemente de estarem ou não aprovadas pela EMA – se não estiverem, a responsabilidade da sua utilização recai sobre o Estado-membro.
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