“Estamos a postos para o que for preciso. Desde o início do ano letivo que as escolas têm a funcionar um plano que prevê os vários regimes: presencial e à distância e ainda misto, como aconteceu com algumas turmas e escolas durante este 1º período”, garante Filinto Lima, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, a propósito do cenário que, para já, o Governo garante não estar em cima da mesa – mas que pode alterar-se, depois de auscultados “partidos políticos e parceiros sociais” e consoante “a evolução da pandemia”. “Há grande consenso entre técnicos e especialistas de que não é preciso afetar o funcionamento do ano letivo”, como foi feito no final do ano letivo passado”, começou por dizer António Costa, no final do Conselho de Ministros, esta quinta-feira, para depois reconhecer que “será a última medida, mas faremos o que for necessário fazer”.
“Mas podem ser só os mais velhos – no caso, 3º Ciclo e Secundário, os primeiros a serem afetados pela medida, segundo o delimitado no documento enviado pelo Ministério da Educação (ME) às escolas em setembro – e se for assim sempre será melhor. As escolas vão emprestar o material que puderem e os problemas serão muito menores”, considera ainda o responsável escolar, diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, depois de recordar que, no Algarve e em Lisboa, os computadores distribuídos pelo ME colmataram as falhas detetadas – mas no resto do País não.
Último recurso
A possibilidade de encerramento, pelo menos parcial das escolas, foi, entretanto, abordada já esta quarta-feira pelo investigador e especialista em Saúde Pública Vasco Ricoca Peixoto, em declarações à rádio Observador – que considerou que, “no caso dos alunos mais velhos, a medida pode e deve ser considerada já, mesmo antes da reunião com os especialistas do Infarmed”, agendada para o próximo dia 12, terça-feira.
Mas é, para já, uma voz única no panorama. No seu último boletim sobre o assunto, o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças também defendeu que “o encerramento dos estabelecimentos de ensino, devido à evolução da pandemia, só deve acontecer em último recurso devido ao impacto negativo na saúde física e mental das crianças e na sua educação”. Também na mesma linha, o epidemiologista da Universidade de Oxford Daniel Prieto-Alhambra, citado pelo La Vanguardia, a propósito da discussão sobre a medida, que decorre em Espanha desde o início de 2021, acompanhando a decisão já tomada no Reino Unido, defendeu que “o encerramento de escolas é a última das medidas que devem ser impostas”.
“Temos de pensar que deve poder continuar a ser presencial, porque isso é que traz oportunidades iguais a todos e qualidade nas aprendizagens”, frisa ainda Jorge Ascenção, presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais, antes de relembrar o argumento invocado por todos os responsáveis até agora: “Se as escolas são dos locais mais seguros, e não há registo de surtos provocados por escolas, encerrar até seria contraditório.”