Era considerado um génio informático e desde os três anos que pedia para visitar as igrejas de Milão, onde vivia. Segundo contou a mãe, Antónia Salzado, ao diário italiano Corriere della Sera, o rapaz fazia ainda questão de dar sempre parte da sua mesada “aos pobres da cidade”.
Carlo Acutis morreu a 12 de outubro de 2006, com 15 anos, e está sepultado em Assis, como pediu – em homenagem a São Francisco de Assis, a quem admirava pela sua dedicação aos pobres.
O caminho para ser santo começou depois de o Papa Francisco ter decidido aprovar um milagre que lhe era atribuído. Mais precisamente, a cura de um menino brasileiro que sofria de um raro distúrbio pancreático, durante uma missa, realizada no aniversário da morte do italiano, e em que se venerou um pedaço de uma camisola com um pouco do seu sangue.
Em 2019, o Papa Francisco já o tinha homenageado, aplaudindo o uso que fizera da Internet para comunicar “valores e beleza”. Agora, 14 anos depois da sua morte, foi beatificado, no dia 12 de outubro, com aBasílica de Assis a encher-se para assinalar a sua beatificação.
Anjo da juventude
Profundo devoto da eucaristia, Carlo Acutis decidiu-se a catalogar os milagres reconhecidos pela igreja logo aos 11 anos. Até que, em 2005, resolveu criar um site com o objetivo de os popularizar. Inspirara-se, gostava de dizer, no trabalho de Tiago Alberione, padre italiano beatificado em 2003 e considerado um pioneiro no uso dos media para divulgar o evangelho. No ano seguinte, pediu aos pais para ir em peregrinação a todos os lugares onde havia registos de milagres, em nome do seu projeto de documentação. Mas essas viagens não chegariam a ocorrer. Carlo adoeceu com o que parecia ser uma gripe forte. Haveria de se revelar uma leucemia promielocítica aguda, doença fulminante.
Nada que abalasse o ânimo de Carlo. Contam os pais que o rapaz não só não se queixava do sofrimento como até se dizia “muito feliz por ir ter com Jesus”. Morreu poucos dias depois do diagnóstico. Rapidamente se tornava conhecido como o “anjo da juventude” e a história espalhou-se por Itália e pelo mundo. A sua minuciosa documentação de milagres online transformou-se mesmo numa exposição fotográfica, que andou por dezenas de países.
Um amigo que mora no céu
O expoente máximo registou-se no Brasil, na região de Mato Grosso do Sul, onde ocorreu o dito milagre que deu força à petição para o beatificar. Naquele dia, aniversário da morte de Acutis, a missa teve um momento muito especial. Foi quando o padre ergueu um pedaço de uma camisola com alegados vestígios de sangue do jovem italiano. Um menino, que sofria de pâncreas anular – uma anomalia congénita rara que lhe provocava constantes crises de vómito – aproximou-se. A seu lado, seguia o avô, a quem perguntou o que dizer. A resposta foi espontânea. “Peça para parar de vomitar”. E o miúdo, então com três anos, parou.
Depois de uma série de exames, foi declarado curado e hoje leva uma vida normal. Este sábado, 10, o rapaz lá seguiu, de fato e uma máscara com a foto de Acustis estampada, até à sua paróquia. Ali assistiu à missa e acompanhou a transmissão do processo de beatificação de Carlo, em direto de Assis. E o que disse Mateus, citado pela Globo, a quem quis ouvir? “Estou muito, muito feliz pelo meu amigo que mora no céu.”