Desde que surgiu a pandemia, as lojas maçónicas deixaram de reunir e de realizar os rituais maçónicos habituais, o que está a gerar grande preocupação entre os maçons. No Grande Oriente Lusitano (GOL), o grão mestre, Fernando Lima, fez esta quarta-feira, dia 7 outubro, um comunicado interno a explicar a forma de lidar com o problema, lembrando que as lojas podem reunir desde que cumpram as regras sanitárias. E na Grande-loja Legal de Portugal (GLLP), a outra grande obediência maçónica do País, onde as reuniões estão suspensas desde 18 março, prepara-se, segundo adiantou à VISÃO o Grão-mestre Armindo Azevedo, para permitir que sejam realizadas sessões de rituais desde que não estejam presentes mais de 10 maçons.
A ideia é evitar a desmobilização e impedir que muitas lojas desapareçam por faltam de pagamento de quotas. “O impacto nas contas e na continuidade vai ser enorme. “, diz um maçon à VISÃO, explicando que a maioria dos maçons, devido à sua elevada faixa etária , mesmo que possa não quer reunir-se por receio de contágio da Covid-19.
Essa situação verifica-se nas várias obediências, desde as femininas às mistas, passando pelas mais pequenas que existem de norte a sul, temendo-se o afastamento de muitos elementos. “Há o risco real de as pessoas começarem a desmobilizar e isso está a preocupar as várias obediências”, garante um outro maçon, sublinhando que há muito medo pois são “salas pequenas onde estão juntos muitos maçons e que têm de se tocar, em regra, para cumprir os rituais”.
Aliás, no documento que o grão-mestre do GOL enviou nesta quarta-feira aos 2 mil membros da irmandade, explica que perante a falta de reuniões, devido à pandemia, fez uma “auscultação a todos” e conta que há quem defenda até encerramento “total dos templos até à chegada da vacina ou a pandemia acabar”.
Fernando Lima esclarece, contudo, que há quem também queira que se retome imediatamente as reuniões normais. E deixa uma mensagem, ao sublinhar que no que todos parecem unânimes é na necessidade de se manter a “cadeia de união pujante” e de se promover a coesão, mesmo que de forma virtual.
Aliás, perante a falta de possibilidade de reunirem, realizarem os rituais habituais e de debaterem os temas, muitos maçons estão a promover conversas através de sistemas como o Zoom. “Mas isso não são bem reuniões”, salienta um elemento maçónico.
Perante este cenário, as obediência decidiram agir. O grão-mestre do GOL explica que “o Conselho da Ordem vai nos próximos dias atualizar as orientações em matéria sanitária” – isto para promover a “criação de condições” para que as lojas possam reunir, cumprindo as regras impostas pelas autoridades nacionais. E na Grande Loja Legal será permitido que as lojas reúnam desde que no máximo estejam só presentes 10 maçons.
O GOL vai divulgar novas orientações sanitárias para as lojas. A GLLP vai permitir as sessões, até agora proibidas, desde que sejam só com 10 maçons
O problema está a afetar não só a maçonaria portuguesa, mas de todo o mundo. Em Inglaterra, foi imposto o máximo de seis elementos e permitiu-se que as lojas possam suspender as atividades durante três meses sem terem sanções, como ditam as regras. “Os ingleses têm novas diretrizes sobre o assunto, permitindo que a Loja abra fisicamente e depois de aberta num templo se ligue por Zoom aos que não estão presentes para tratar de assuntos da Loja”, refere uma fonte maçónica
A falta de reuniões levou também ao adiamento das eleições de Grão-mestre. No GOL. por exemplo, estavam previstas para junho, mas devido à pandemia foram adiadas. E num decreto emitido esta semana, o ainda líder Fernando Lima, explica que a escolha do próximo grão-mestre fica mais uma vez suspensa até dia 7 de novembro, data em que será reavaliada a situação.
Para tentar contornar todos estes obstáculos, há uma nova obediência, a Grande Loja Soberana de Portugal – que resultou de uma cisão que ocorreu na Grande Loja Legal de Portugal – que decidiu avançar com rituais virtuais e que, neste momento, tem as lojas a reunir presencialmente. “Mas são maçons de uma nova geração”, explica um elemento de uma maçonaria mais antiga.