O verão e o desconfinamento induziram, em muitos europeus, uma sensação de aparente normalidade. As idas à praia, o regresso ao escritório e os almoços ou jantares em esplanadas, aliados à diminuição do número de novos casos diários de Covid-19, contribuíram para que muitas pessoas relaxassem. Mas o cenário parece ter começado a mudar no início de agosto.
A 11 de agosto, após ter registado um pico de 5 971 novas infeções, Espanha anunciou que bares e discotecas permaneceriam fechados e seria proibido fumar nas ruas, se a distância de dois metros não pudesse ser respeitada, bem como juntar grupos para beber álcool.
Também Itália decidiu fechar as discotecas a 16 de agosto, após ter registado 627 novos casos diários, decretando ainda obrigatório o uso de máscara entre as 18h e as 6h, em locais públicos onde existisse aglomeração de pessoas.
A Bélgica, que no final de julho registava 85 mortes por cada 100 mil habitantes, reduziu de 15 para 5 o número de pessoas que cada pessoa pode incluir na sua “bolha de contacto”, de 200 para 100 o número de pessoas em eventos realizados em ambientes fechados e de 400 para 200 em ambientes exteriores, passando o uso da máscara a ser obrigatório.
Segundo o jornal americano Washington Post, a segunda vaga pode caracterizar-se por um aumento exponencial do número de novos casos, que não será necessariamente acompanhado por um aumento equivalente de mortes.
A realidade mais preocupante parece ser a da vizinha Espanha, que alcançou, a 1 de setembro, um número de novos casos diários apenas comparável aos números do mês de março. No entanto, observando os gráficos do site Our World in Data, verifica-se que também França começou a registar um aumento no número de casos que contraria o achatar da curva conseguido no passado.
Quanto aos restantes países da Europa, também o Reino Unido, Itália, Holanda, Alemanha e Croácia começam a apresentar aumentos preocupantes no número de novos casos diários de Covid. Etrevistado pela VISÃO em junho, Henrique Lopes, membro do Senior Board Europeu da Saúde Pública para o combate à Covid da Associação de Escolas de Saúde Pública na região da Europa, alertara para a possível chegada de uma segunda vaga à Europa, em finais de agosto, indicando como justificação o modelo desenvolvido por Gabriela Gomes, matemática portuguesa da Escola Superior de Medicina Tropical de Liverpool.
Reino Unido, Itália, Holanda, Alemanha e Croácia começam a apresentar aumentos preocupantes no número de novos casos diários de Covid