O vídeo, que foi publicado pelo site conservador de notícias Breitbart News, mostrava um conjunto de médicos que se autodenominavam de “Médicos da Linha da Frente da América” que estavam a dar uma conferência de imprensa no Supremo Tribunal dos EUA em Washington.
Durante a conferência, as pessoas que se assumem como especialistas em saúde pública, proferiram alegações duvidosas como “não precisamos de usar máscaras” para impedir a disseminação do vírus ou que o vírus tem uma cura, que passa por tomar hidroxicloroquina, e que os estudos que mostram que este componente é ineficaz são “uma ciência falsa” patrocinada por “empresas farmacêuticas falsas”.
“Este vírus tem cura e é chamada de hidroxicloroquina, zinco e zitromax”, afirma Stella Immanuel, médica em Houston, “nós não precisamos de máscaras, há uma cura”.
Estas afirmações são contraditórias em relação aos estudos que estão a ser feitos, quer sobre a propagação do vírus quer sobre a cura. Um estudo concluiu que nem a hidroxicloroquina, isolada, nem a hidroxicloroquina mais a azitromicina parecem afetar a condição dos pacientes durante os primeiros 15 dias. Além disso, efeitos secundários como arritmias ou níveis elevados de enzimas hepáticas foram encontrados de forma mais frequente em pacientes que tomaram hidroxicloroquina isoladamente ou com azitromicina.
O vídeo rapidamente tornou-se viral em todas as plataformas digitais, tornando-se um dos posts com melhor desempenho no Facebook, com mais de 14 milhões de visualizações antes de ser eliminado na noite de segunda-feira por promover informações erradas. O vídeo foi partilhado quase 600 000 vezes, de acordo com a Crowdtangle, uma empresa de análise de dados do Facebook.
“Removemos este vídeo por partilhar informações falsas sobre as curas e os tratamentos da Covid-19”, disse um porta-voz do Facebook à CNN, acrescentando que a plataforma está “a mostrar mensagens no Feed para as pessoas que reagiram, comentaram ou compartilharam estas informações”.
O Twitter também removeu o vídeo, que foi entretanto partilhado por Donald Trump. No início da manhã de terça-feira, os vídeos relacionados com esta conferência já não davam para visualizar no perfil do Predisente. O Twitter também tomou medidas sobre uma versão do vídeo partilhada por Donald Trump Jr. e pelo site de notícias Breitbart News.
O vídeo também foi removido pelo YouTube, onde foi visto mais de 40 000 vezes e foi removido por “violar as Diretrizes da comunidade do YouTube”. Apesar das proibições do Facebook, do Twitter e do Youtube, o vídeo continua a circular pelas plataformas.
Stella Immanuel, a mulher do vídeo é conhecida por defender teorias pouco convencionais. No seu site e nos vídeos que publica no YouTube fez alegações como, por exemplo, o sexo com “espíritos atormentadores” é responsável por problemas ginecológicos, abortos e impotência. “Muitas mulheres”, afirmou ela também num vídeo, “sofrem regularmente de sexo astral. O sexo astral é a capacidade de projetar o homem espiritual no corpo da vítima e ter relações sexuais com ele”. De acordo com o banco de dados do Texas Medical Board , Immanuel recebeu seu diploma de médica numa universidade na Nigéria em 1990.
O evento desta segunda-feira, dia 27 de julho, foi organizado pelo Tea Party Patriots, um grupo conservador apoiado por militantes republicanos, contou com a presença do representante dos EUA, Ralph Norma.