Os dados são do Observatório da Violência no Namoro, foram obtidos entre janeiro e dezembro de 2019 e falam por si: as 74 denúncias feitas naquele ano de situações vividas diretamente ou testemunhadas por terceiros correspondem a uma média mensal de cerca de 6,2 casos. Além disso, 38 denúncias foram efetuadas por antigas vítimas, 28 por testemunhas e 8 por atuais vítimas. 71 denúncias foram efetuadas por pessoas do sexo feminino e 3 por pessoas do sexo masculino. Mais de metade dos crimes (51,4%) ocorreram, no Porto e, em 10% das situações, nos distritos de Lisboa e Aveiro. A esmagadora maioria das vítimas (95,9%) é do sexo feminino, enquanto a esmagadora maioria dos agressores (91,9) é do sexo masculino.
Segundo aquele observatório, a média de idades das vítimas é de 21 anos e a dos agressores é de 23 anos. Além disso, 94,6% das vítimas são de nacionalidade portuguesa e, em 87, 8 por cento dos caos vivem relações heterossexuais. Os outros números confirmam dados anteriores: o local de maior incidência da violência continua a ser a casa (62,2%), seguido da rua (48,6%), da escola/faculdade (36,5%). Sublinhe-se ainda que, em 29,7 por cento dos casos, a violência foi praticada online.
Em 87,8 por cento dos caos, a violência é verbal, seguida da violência psicológica (75,7%), do controlo (64,9%), da perseguição (35,1%). Outro número que impressiona: em 27 por cento dos casos, há violência física e sexual e, em 12,2% dos casos as vítimas foram mesmo alvo de ameaças de morte. O pior? 73% das situações não foram denunciadas às autoridades competentes. Ou talvez não seja o pior de todo este retrato, se pensarmos que 13,5 por cento das vítimas precisou de receber tratamento médico e em 1,4 por cento dos casos foram mesmo hospitalizadas.
As causas apontadas, essas, também não surpreendem: lidera o ciúme (70,3%), mas há também referências aos problemas familiares do agressor/a (25,7%), a influência de amigos (18,9%), o consumo de álcool ou de outras substâncias (14,9%) e as dificuldades económicas (13,5%).
“Apesar do número de denúncias ter decrescido relativamente ao ano de 2018, os casos reportados apresentaram maior gravidade”, sublinha ainda Mafalda Ferreira, do Observatório da Violência no Namoro, instituição que faz este levantamento anual desde há três anos. “A questão é que os casos em que correram risco de vida e ameaças de morte foram bem mais gravosos no último ano.”