Jhon Jario Valasquez Vásquez, ou “Popeye”, como era conhecido o homem que terá matado centenas de pessoas por ordem de Pablo Escobar, morreu na quinta-feira no Instituto Nacional de Cancro, em Bogotá, onde se encontrava hospitalizado desde 31 de dezembro, segundo confirmou em comunicado o Instituto Nacional Penitenciário e Prisional (INPEC).
Velásquez, de 57 anos, que foi preso pela última vez em maio de 2018 por “organização criminosa para cometer crime e extorsão”, morreu numa unidade de cuidados paliativos, vítima de um cancro no estômago em fase terminal – com metástases nos pulmões e no fígado –, avançou o Instituto Nacional de Cancro.
Guarda-costas de Escobar e número dois do cartel de Medellín, tornou-se o homem mais temido pelas autoridades colombianas após ter impressionado o mundo com a confissão de milhares de crimes. Sem nunca mostrar sinais de arrependimento, “Popeye” assumiu em 2015 numa entrevista à Agence France-Presse ter sido o autor de mais de 300 assassinatos e participado em outros 3 mil, além das centenas de atentados com carros bomba que aceitou coordenar por ordem do “chefe” de umas das maiores redes de narcotráfico do mundo. Esteve diretamente envolvido em crimes como o atentado contra o voo de Avianca (em que morreram mais de cem pessoas) e o sequestros do ex-presidente colombiano Andrés Pastrana e do ex-vice-presidente Francisco Santos quanto este era chefe de redação do jornal El Tiempo.
Foi preso pela primeira vez em 1991, depois de se entregar às autoridades pelo homicídio do candidato presidencial Luís Carlos Galán. “’Popeye’ confessou ter entregado a arma do crime aos homicidas que mataram o meu pai. Perdoei-o. Não me alegra a morte de nenhum ser humano. Espero que ao enfrentar a morte se arrependa de todos os crimes”, disse Carlos Fernando Galán, filho do candidato presidencial, citado pelo El País. Em 2014, ficou em liberdade condicional depois de ter cumprido 23 anos de prisão na cadeia de alta segurança de Cómbita, no centro do país.
Os anos de liberdade condicional que se seguiram ficaram marcados pela grande notoriedade mediática que “Popeye” conseguiu conquistar nas redes sociais, sobretudo através do canal de YouTube que criou sob o irónico nome “Popeye Arrependido”, onde tornou pública a sua afiliação aos ideias de ultradireita, incentivando o ódio e a violência, para lá de recomendações de livros, documentários e filmes sobre a sua própria vida.
Estes anos de liberdade terminariam em 2018, após Velásquez ter sido encontrado numa festa com Juan Carlos Mesa, “Tom”, o chefe de uma rede criminal criada por Pablo Escobar e que as autoridades acreditavam constituir um sério risco para a sua reincidência no mundo do narcotráfico. “Estava numa festa e passou-se o que se passou. Não é crime ir a uma festa” escreveu “Popeye” na sua conta de Twitter, depois deste episódio. Desde então, estava preso por extorsão na prisão de Valledupar La Tramacúa, no norte da Colômbia, até no final de dezembro ter sido transferido para o Instituto Nacinal de Cancro, em Bogotá, para receber cuidados de saúde.
“Popeye” e Pablo Escobar lideraram uma das mais perigosas redes de narcotráfico do mundo, responsável pelo sequestro e assassinato de milhares de pessoas entre elas vários lideres políticos, jornalistas e juízes numa dura batalha contra o Estado colombiana para impedir o processo de extradição de “el patrón” para aos Estados Unidos.