Há várias razões pelas quais as pessoas decidem substituir o tipo de alimentação mais comum, com base animal, como carne e peixe, pelo regime vegetariano. As motivações éticas, aliadas ou não a crenças religiosas ou a determinadas culturas, defendem os direitos dos animais, nomeadamente o direito à vida. Outras causas comuns passam por questões ambientais e ainda pelos benefícios já comprovados para a saúde de não se comer carne.
No entanto, de acordo com um estudo recente publicado este mês no British Medical Journal, apesar de as pessoas vegetarianas terem menos tendência a ter doenças cardíacas, estas estão mais vulneráveis aos ataques vasculares cerebrais (AVC), do que as pessoas que comem carne.
Para esta investigação, os cerca de 48 mil indivíduos estudados no Reino Unido, entre a década de 90 e 2016, foram divididos em três grupos: pessoas que consomem carne (24 mil), os vegetarianos (28 mil), nos quais estão incluindo os veganos (16 mil), e as que comem peixe (7500). A análise teve em conta os inquéritos realizados aos participantes, no início do estudo e em 2010, sobre os seus hábitos alimentares, bem como o histórico medicinal, a atividade física e o consumo de tabaco.
No total, houve cerca de 2,800 casos com doenças cardíacas coronárias e 1,700 casos de AVC, incluindo 300 AVC hemorrágicos, o que acontece quando um vaso sanguíneo explode e sangra no cérebro. Verificou-se que os vegetarianos, incluindo os veganos, e as pessoas que comiam peixe, tinham menos 22% e 13% de probabilidade, respetivamente, de ter doenças cardíacas, do que as pessoas que consumiam carne. Contudo, os indivíduos com um regime alimentar com base em alimentos de origem vegetal, tiveram um risco 20% maior de ter AVC.
Este risco pode estar relacionado, segundo a autora do estudo, Tammy Tong, “com o baixo colesterol, a pressão arterial mais baixa e a baixa de presença de alguns nutrientes” das pessoas vegetarianas e veganas. Contudo, são necessários mais estudos que comprovem esta ligação. A vitamina B12 é um dos exemplos de nutrientes que pode estar em falta nestes individuos, uma vez que se encontra maioritariamente em animais e nos seus produtos. Para estes só é possível obter esta vitamina “com suplementos ou alimentos fortificados”.
Não é possível provar se estes efeitos se devem ao regime alimentar ou a aspetos do estilo de vida de cada pessoa. Além disso, os indivíduos estudados são todos do Reino Unido, o que pode não ser representativo de toda a população, uma vez que cada país tem a sua gastronomia.